Menu

Arianismo Heresia Ario: Entenda a Controvérsia na História do Cristianismo

Ao mergulharmos na história do Cristianismo, encontramos uma série de controvérsias e debates teológicos que moldaram a fé ao longo dos séculos. Um desses debates centrou-se na natureza de Jesus Cristo e sua relação com Deus Pai, gerando distinções doutrinais que perduram até hoje. Entre as doutrinas que desafiaram e, muitas vezes, ameaçaram a unidade da Igreja, destaca-se o Arianismo, considerado uma heresia herdeira de um entendimento equivocado da divindade de Cristo. Nesta análise, buscamos compreender o que foi o Arianismo Heresia Ario, suas origens, principais conceitos, consequências e sua relação com a história do Cristianismo.

O que foi o Arianismo?

Origem e contexto histórico

O Arianismo surgiu no século IV, por volta do ano 320 d.C., durante um período de intensas disputas teológicas e políticas na Igreja e no Império Romano. Sua origem está ligada às ideias do presbítero Ário (ou Ario, daí o nome), que considerava que Jesus Cristo não era co-eterno ou da mesma essência que Deus Pai, mas sim uma criação divina subordinada.

Quem foi Ário?

Ário foi um líder cristão da cidade de Alexandria, cujo pensamento inovador desafiava a compreensão tradicional de Deus. Ele defendia que, embora Jesus fosse uma criatura divina especial, Ele não possuía a essência de Deus, o que contradizia a doutrina trinitária emergente.

"Essa controvérsia não era apenas teológica, mas também política, pois envolvia a autoridade da Igreja e as relações com o Império Romano." – Historiadores como Edward Gibbon destacam a importância do contexto político na propagação do arianismo.

Como o Arianismo se espalhou?

Após suas primeiras formulações, as ideias de Ário foram inicialmente condenadas, mas ganharam adeptos em várias regiões do Império, especialmente entre alguns governantes e bispos. A controvérsia levou ao Concílio de Nicéia em 325 d.C., uma tentativa de estabelecer a ortodoxia, que resultou na formulação do Credo Niceno, afirmando a consubstancialidade do Filho com o Pai.

Principais conceitos do Arianismo

A negação da divindade plena de Jesus

O ponto central do Arianismo é a negação da consubstancialidade de Jesus Cristo com Deus Pai. Segundo essa heresia:

  • Jesus seria uma criatura criada, embora divina;
  • Ele não seria eterno ou igual a Deus;
  • Seu estatuto seria inferior ao do Pai, funcionando como uma espécie de mediador subordinado.

A hierarquia divina

Os arianos defendiam uma hierarquia na Trindade, na qual Deus Pai é o supremo, enquanto Jesus ocupa uma posição subordinada, criada por Ele em um momento específico.

Fórmula ariana

A expressão clássica do pensamento ariano pode ser resumida na frase:

"O Filho foi criado, não criado por Ele."

Ou, de forma mais detalhada:

TermoSignificado
Prostheon (前θεν)"Antes de tudo", descreve a eterna existência do Pai
Hypostasis (ὑπόστασις)"Substância" ou "natureza"
Ousia (οὐσία)"Essência"

O problema central era que os arianos viam Jesus como uma criatura primeira e distinta de Deus, o que entrava em conflito com a doutrina da plena divindade que viria a ser consolidada no Catolicismo.

O Concílio de Nicéia e a luta pela ortodoxia

O Concílio de Nicéia (325 d.C.)

O Concílio de Nicéia foi convocado pelo imperador Constantino com o objetivo de resolver a controvérsia ariana. Nesse encontro, os bispos se enfrentaram sobre a verdadeira natureza de Cristo:

  • A favor da doutrina ariana: argumentos de Ário e seus apoiadores;
  • Contra o arianismo: os bispos ortodoxos defendiam que o Filho é consustancial ao Pai — de mesma essência (ousia).

A formulação do Credo Niceno

O resultado do concílio foi a formulação do Credo Niceno, que afirma:

“Creio em um só Senhor Jesus Cristo, Filho Univerno de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos; Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai.”

Essa fórmula foi fundamental para estabelecer a ortodoxia e repudiar o arianismo.

Consequências políticas e religiosas

Apesar da condenação oficial, o arianismo continuou praticado por alguns segmentos, especialmente entre certos governantes e comunidades. A luta pela definição da ortodoxia foi longa, gerando divisões internas na Igreja.

O declínio do Arianismo

A atuação de teólogos e líderes

Ao longo do século IV e início do V, figuras como Santo Atanásio de Alexandria working tirelessly for the orthodoxy, fighting against heresies like Arianism.

O apoio imperial

Imperadores como Constantino e seus sucessores inicialmente apoiaram medidas contra o arianismo, embora em alguns momentos tenham tentado conciliar as diferenças para manter a unidade do império.

A vitória da ortodoxia

No século V, a ortodoxia trinitária, fundamentada na formulação do Concílio de Nicéia, consolidou-se como posição oficial da Igreja, levando ao declínio do arianismo.

Herança e impacto do Arianismo na história do Cristianismo

A influência na teologia

Apesar de condenada, a heresia ariana deixou marcas na teologia cristã, especialmente na formulação da doutrina da Trindade, que precisou ser claramente definida para evitar ambiguidade.

Aspectos políticos e sociais

O conflito entre arianos e ortodoxos também ilustrou como questões doutrinais estavam entrelaçadas às disputas de poder e influência no Império Romano.

Presença em outras tradições

O arianismo persistiu em algumas regiões até o século VI, especialmente entre povos germânicos como os visigodos e ostrogodos, que adotaram versões arianas do Cristianismo, influenciando a história religiosa de diversos povos europeus.

Conclusão

O Arianismo emerge na história do Cristianismo como uma das principais heresias que desafiou a doutrina da plena divindade de Jesus Cristo. Sua origem, baseada nas ideias de Ário, levou a debates e concílios que moldaram os fundamentos da doutrina cristã moderna, especialmente na formulação do Credo Niceno. Embora tenha sido oficialmente condenado, o arianismo deixou uma marca duradoura na história religiosa, mostrando como as controvérsias doutrinais podem influenciar não apenas a teologia, mas também as estruturas políticas e sociais de uma época. Compreender essa heresia nos ajuda a apreciar a complexidade do desenvolvimento doutrinal do Cristianismo e a importância de debates teológicos históricos.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O que exatamente foi o Arianismo?

O Arianismo foi uma heresia cristã que negava que Jesus Cristo fosse eterno ou igual a Deus Pai. Seus seguidores acreditavam que Jesus foi uma criatura criada por Deus, não compartilhando da mesma essência (ousia). Essa visão contrapunha a doutrina trinitária ortodoxa e levou a debates teológicos intensos na Igreja primitiva.

2. Como o Concílio de Nicéia condenou o Arianismo?

O Concílio de Nicéia, realizado em 325 d.C., condenou o arianismo ao afirmar que Jesus Cristo era consubstancial ao Pai, ou seja, de mesma essência. A formulação do Credo Niceno estabeleceu uma doutrina oficial que Santa Cruz adotou como ortodoxa, rejeitando a heresia ariana.

3. Quais foram as principais consequências do Arianismo na Igreja?

As principais consequências foram:

  • A necessidade de definir claramente a doutrina da Trindade;
  • As controvérsias e disputas internas que marcaram a vida da Igreja nos séculos IV e V;
  • A adoção de formulários de fé que consolidaram o credo cristão ortodoxo;
  • A persistência de versões arianas entre alguns povos germânicos.

4. O Arianismo ainda existe hoje?

Embora a heresia tenha sido oficialmente condenada, algumas comunidades arianas ou com tendências arianas permanecem em algumas regiões do mundo, especialmente entre certos grupos litúrgicos indígenas. Contudo, essas manifestações representam uma pequena minoria do Cristianismo global.

5. Como o Arianismo influenciou a política do Império Romano?

O apoio ou oposição ao arianismo influenciou alianças políticas e resultados de disputas pelo poder imperial. Imperadores tiveram que equilibrar diferentes grupos religiosos, usando tanto a força quanto a diplomacia para manter a unidade do império, o que muitas vezes envolvia a repressão ou tolerância às diferentes seitas.

6. Quais figuras foram fundamentais contra o Arianismo?

Dentre os principais aliados à ortodoxia, destacam-se:

  • Santo Atanásio de Alexandria – defensor fervoroso da consubstancialidade do Filho;
  • Basílio de Cesareia – outro líder importante na luta contra heresias;
  • Hilário de Poitiers – que também combateu avançado contra o arianismo.

Referências

  • ATHANASIUS, Santo. Carta a Epifânio. Disponível em: https://www.orthodox pilgrim.org/faith/heresha-sedes-ecclesiae/heresies/atansio
  • GIBBON, Edward. Declínio e Queda do Império Romano. Lisboa: Edições 70, 2000.
  • HOLDEN, James. Teologia e Heresia: um estudo sobre Heresias cristãs. São Paulo: Paulinas, 1998.
  • LOFTUS, G. T. Historia de la Iglesia Cristiana. Buenos Aires: Ediciones Claredon, 2004.
  • PINKSES, David. A Heresia de Ário e a Trindade. Revista Teológica, vol. 15, nº 2, 2010.
  • WARE, Bruce. The Orthodox Church. Yale University Press, 2015.

Este artigo foi elaborado com o objetivo de fornecer uma compreensão clara e detalhada sobre o Arianismo Heresia Ario e sua importância na história do Cristianismo.

Artigos Relacionados