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Concordância Verbal em Casos Especiais com Sujeito Composto

A língua portuguesa apresenta várias nuances que, ao serem compreendidas, enriquecem a nossa comunicação e aprimoram a nossa escrita. Um dos aspectos essenciais na construção de boas frases é a concordância verbal, que garante que o verbo esteja de acordo com o sujeito em número e pessoa. Apesar de sua aparente simplicidade, há casos em que a concordância se torna mais complexa, especialmente quando lidamos com sujeitos compostos e suas particularidades.

Neste artigo, abordarei de forma detalhada os casos especiais de concordância verbal com sujeito composto, procurando esclarecer dúvidas frequentes, apresentar exemplos práticos e dicas para uma redação mais adequada às normas da língua portuguesa. Compreender esses casos nos ajuda a evitar erros comuns e a aprimorar nossa expressividade escrita e oral.


Entendendo a Concordância Verbal

Antes de mergulharmos nos casos especiais, é importante revisitarmos os conceitos básicos de concordância verbal. Ela consiste na adaptação do verbo ao sujeito, de modo a refletir o número (singular ou plural) e, em algumas situações, a pessoa (primeira, segunda ou terceira).

Regras gerais:

  • Sujeito singular exige verbo no singular.
  • Sujeito plural exige verbo no plural.
  • Quando há sujeito composto (dois ou mais núcleos), normalmente o verbo fica no plural, mas há exceções e casos específicos que merecem atenção.

Exemplo simples:

  • O aluno e o professor estão na sala. (sujeito composto, verbo no plural)

No entanto, na prática, há situações em que essa regra é flexível, e é exatamente sobre esses casos especiais que trataremos a seguir.


Casos especiais de concordância verbal com sujeito composto

A seguir, abordarei os diferentes cenários em que a concordância verbal, embora pareça simples, apresenta particularidades que exigem atenção e compreensão mais aprofundada.

1. Concordância com verbos em oração coordenada

Quando temos sujeitos coordenados conectados por e, a regra geral aponta para o uso do verbo no plural:

  • Exemplo: João e Maria falaram com o diretor.

Contudo, há situações em que o verbo pode ficar no singular, dependendo do sentido da oração.

2. Casos em que o verbo concorda com o núcleo mais próximo

Segundo a norma culta, com sujeito composto ligado por e, o verbo geralmente fica no plural, mas há exceções que admitem a concordância com o núcleo mais próximo.

  • Exemplo: Nem o professor nem os alunos estavam presentes. (sujeitos ligados por "nem... nem", o verbo no plural)
  • Exemplo de exceção: Nem o aluno ou o professor está responsável por isso. (verbo de acordo com o núcleo mais próximo)

3. Sujeitos compostos unidos por vírgula ou com preposição

Quando o sujeito é formado por dois elementos ligados por vírgula ou preposição, a concordância pode variar.

  • Exemplo: Os professores, o diretor e os alunos estão na reunião.
  • Exemplo de variação: Os professores, o diretor e o aluno está presente. (forma menos comum, a mais aceita é no plural)

4. Sujeito composto por expressões distributivas

Expressões como um, outro, cada, ambos, qualquer influenciam na concordância.

  • Exemplo: Cada aluno e cada professor está na sala. (Verbo no singular)

Quando esses elementos forem associados por e, o verbo normalmente concorda com cada núcleo, geralmente no singular.

5. Concordância com sujeitos unidos por "ou" e "nem"

A ligação por ou ou nem também apresenta regras específicas:

  • Exemplo: João ou Maria participam da reunião. (o verbo fica no plural, pois um deles resolve)
  • Exemplo: Nem o diretor nem os funcionários estão disponíveis.

Contudo, quando há uma ideia de unidade, o verbo pode ficar no singular:

  • Exemplo: Ou o professor ou o coordenador resolve o problema.

6. Substantivos ou expressões coletivas que envolvem sujeito composto

Quando há coletivos que representam várias pessoas ou coisas, a concordância deve refletir a ideia de pluralidade.

  • Exemplo: A equipe e os professores estão preparados para o evento.

Por outro lado, se a expressão coletiva for tratada como unidade, o verbo pode ficar no singular:

  • Exemplo: A equipe de professores está unida.

Detalhes importantes na aplicação das regras

Apesar das orientações, é fundamental compreender alguns detalhes para evitar erros comuns:

SituaçãoExemploComentário
Verbos compostos por vários sujeitos ligados por "e"João e Maria foram ao cinema.Geralmente no plural
Sujeitos ligados por "ou"O diretor ou a coordenadora decidirá hoje.Verbo no singular se a ideia for de unidade
Sujeitos ligados por "nem"Nem o chefe nem os funcionários completaram a tarefa.Uso do plural na maioria dos casos
Expressões distributivas ou de frequênciaCada aluno e cada professor chega cedo.Verbo no singular, por cada elemento

Recomendação: Sempre analisar o sentido da oração para escolher a concordância mais adequada, pois a língua portuguesa permite variações que podem transmitir diferentes nuances.


Exemplos práticos de casos especiais

Vamos ilustrar os conceitos discutidos com exemplos reais de frases que aparecem frequentemente em textos formais ou acadêmicos:

  1. Os aluno e os professores discutiram o tema. (Correto: Os alunos e os professores discutiram o tema.)
  2. Nem a diretora nem os seguranças foram responsáveis pela falha. (Verbo no plural)
  3. Cada estudante e cada professor deve entregar o trabalho até sexta-feira. (Verbo no singular)
  4. Ou o gerente ou os assistentes irão resolver o problema. (Verbo no singular ou plural, dependendo do sentido – geralmente no singular se a intenção é uma unidade de decisão.)
  5. A turma, os horários e os materiais estão organizados. (Verbo no plural)

Dicas para uma correta concordância verbal com sujeito composto

Para facilitar a aplicação das regras no dia a dia, compartilho algumas dicas importantes:

  • Sempre analise se a ideia da oração indica unidade ou pluralidade.
  • Observe a conjunção que liga os sujeitos (e, ou, nem) para definir a norma mais adequada.
  • Lembre-se de que expressões distributivas e de quantidade modificam a concordância.
  • Em casos de dúvida, prefira o plural, pois é a regra padrão com sujeitos ligados por "e".
  • Leia a frase levando em consideração o sentido, para evitar interpretações incorretas.

Conclusão

A concordância verbal em casos especiais com sujeito composto é uma questão que exige atenção, compreensão de contextos e leitura cuidadosa. Embora existam regras gerais, a língua portuguesa oferece variações que podem alterar a estrutura da frase, refletindo diferentes sentidos e estilos de comunicação.

Recomendo sempre praticar a análise da oração, levando em conta o significado e o sentido das palavras, além de consultar fontes confiáveis quando surgirem dúvidas. Com o tempo e a prática constante, a aplicação dessas normas se tornará mais natural e precisa, contribuindo para uma comunicação escrita e oral mais clara, correta e elegante.


Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quando devo usar o verbo no singular em um sujeito composto por dois núcleos?

Quando a ideia transmitida indicar unidade, ou seja, os núcleos representam uma só ação ou decisão, o verbo pode ficar no singular. Por exemplo: Nem o chefe nem os funcionários decidiu pedir ajuda — aqui, o sentido é de unidade, com o foco na decisão coletiva. No entanto, na maioria dos casos, o padrão é usar o verbo no plural com sujeitos ligados por "e".

2. Posso usar o verbo no singular com sujeitos ligados por "ou"?

Sim, dependendo do sentido da frase. Se houver uma ideia de unidade ou de uma ação única e indivisível, o verbo costuma ficar no singular. Exemplo: Ou o diretor ou o gerente resolve o problema. No entanto, a regra geral aponta para o plural, especialmente quando os sujeitos representam opções distintas.

3. Como atuar na concordância quando o sujeito é uma expressão distributiva?

Expressões como cada, qualquer, ambos geralmente exigem o verbo no singular, mesmo quando ligados por "e". Exemplos: Cada aluno e cada professor está na sala. Já quando há uma ideia coletiva de pluralidade, o verbo deve concordar no plural.

4. A concordância varia se os sujeitos estão ligados por vírgulas ou preposições?

Sim. Quando sujeitos estão ligados por vírgulas ou preposições, a regra é que o verbo concorde com o núcleo mais próximo, ou seja, pode variar entre singular ou plural de acordo com o sentido.

5. Qual a importância de entender esses casos na redação acadêmica?

A compreensão dos casos especiais de concordância melhora a formalidade, a clareza e a correção do texto. Além disso, evita erros que podem comprometer a credibilidade do trabalho acadêmico e alinha sua escrita às normas padrão do português.

6. Existem recursos ou praticas recomendadas para melhorar minha compreensão dessas regras?

Sim! Recomendo treinar com exercícios de concordância verbal, ler textos bem escritos, fazer análises de frases e consultar gramáticas confiáveis, como a "Gramática Normativa da Língua Portuguesa" e sites educativos renomados. A prática constante é a melhor estratégia para fixar as regras.


Referências

  • BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2019.
  • SILVA, José de. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Ática, 2015.
  • ARAÚJO, Regina. Manual de Redação e Estilo. Editora Contexto, 2020.
  • Real Academia Brasileira de Letras. Normas da Língua Portuguesa. Disponível em: https://www.academia.org.br
  • Sites educativos e recursos online, como o Kleitographo e o Brasil Escola.

Espero que este artigo tenha contribuído para ampliar seu entendimento sobre concordância verbal com sujeitocomposto, tornando sua escrita mais segura e alinhada às normas da língua portuguesa.

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