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Concordância Verbal: Regras e Dicas para Escrever Melhor

A língua portuguesa é repleta de regras que orientam a construção de frases corretas e bem estruturadas. Entre essas regras, a concordância verbal destaca-se como um dos aspectos mais desafiadores, principalmente para estudantes e falantes que buscam aprimorar seu domínio e evitar erros comuns. A concordância verbal trata de ajustar o verbo de uma oração de modo que ele concorde em número e pessoa com o sujeito, garantindo clareza e correção na comunicação.

Pensar na importância de uma boa concordância verbal é fundamental não apenas para quem deseja escrever corretamente, mas também para transmitir ideias de forma precisa e sofisticada. Quando dominamos esse tema, conseguimos expressar nossas opiniões com maior autoridade e evitar julgamentos ou interpretações equivocadas. Assim, neste artigo, iremos explorar de forma detalhada as regras, dicas práticas e exemplos que ajudarão você a compreender e aplicar corretamente a concordância verbal em seus textos.

Ao longo do conteúdo, abordarei conceitos essenciais, nuances importantes, estratégias para evitar erros frequentes e regras que muitas vezes geram dúvidas, além de indicar fontes confiáveis para aprofundamento. Meu objetivo é tornar esse tema acessível, didático e útil para que você possa aprimorar seu domínio do português, contribuindo para uma comunicação escrita mais segura e eficiente.

Vamos começar mergulhando na compreensão básica da concordância verbal e suas principais regras!

O que é a Concordância Verbal?

A concordância verbal é a relação de harmonia que deve existir entre o verbo e o sujeito na oração, de modo que ambos estejam de acordo em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Essa concordância é fundamental para a correção gramatical das frases, assegurando que a mensagem seja transmitida de maneira clara, precisa e formalmente adequada.

Por exemplo:

  • O aluno estuda bastante. (sujeito no singular → verbo no singular)
  • Os alunos estudam bastante. (sujeito no plural → verbo no plural)

Se houver divergência entre o sujeito e o verbo, ocorre o erro de concordância, que pode comprometer a compreensão do texto ou causar falta de credibilidade na comunicação.

Importância da Concordância Verbal

Dominar a concordância verbal traz inúmeros benefícios:

  • Facilita a compreensão das mensagens, tornando o texto mais coerente.
  • Evita ambiguidades, que podem surgir por erros de concordância.
  • Melhora a aparência formal de seus textos, demonstrando domínio da língua.
  • Contribui para o desenvolvimento acadêmico, sobretudo em redações e trabalhos escolares.
  • Fortalece a argumentação, ao garantir que suas ideias estejam bem estruturadas.

Com esses pontos em mente, vamos aprofundar as regras que regem esse aspecto importante do português.

Regras Gerais de Concordância Verbal

Para entender a concordância verbal, precisamos compreender regras básicas e alguns casos específicos que demandam atenção especial. A seguir, apresento uma síntese das principais regras gerais e dicas para aplicar corretamente em diferentes situações.

1. Sujeito Simples e Sujeito Composto

Sujeito Simples

Quando o sujeito é constituído por um único núcleo, o verbo concorda no singular:

  • O menino brinca na rua.
  • A professora ensina matemática.

Sujeito Composto

Quando o sujeito é formado por dois ou mais núcleos, o verbo deve concordar no plural:

  • O pai e a mãe chegaram cedo.
  • Minha irmã e meu irmão gostam de futebol.

A concordância pode variar dependendo da conexão entre os núcleos:

  • Quando os núcleos estão ligados por e, o verbo geralmente fica no plural:

  • Café e leite são necessários pela manhã.

  • Quando os núcleos representam uma conexão de ideia unificada, pode-se usar o verbo no singular:

  • O talento, a dedicação e a força de vontade foram essenciais. (apesar do sujeito composto, o verbo fica no singular por uma leitura unificada)

2. Flexão do Verbo com Sujeito Indeterminado

Se o sujeito é indeterminado, ou seja, não sabemos quem realiza a ação, o verbo geralmente fica na terceira pessoa do singular:

  • Falaram muito durante a reunião. (sujeito indeterminado)
  • Dizem que a prova será fácil.

Vale lembrar: Caso a ideia seja de uma ação realizada por várias pessoas específicas, o sujeito pode ser determinado, e a concordância deve ser feita conforme o sujeito.

3. Concordância com Sujeitos Colecionados e Coletivos

Sujeitos Colecionados

Quando há uma expressão que indica um grupo, mas cujo núcleo principal é coletivo, a concordância pode variar dependendo do significado:

CasoExemploVerboObservação
Grupo de pessoas"O grupo de estudantes chegou cedo."chegou (singular)O grupo como unidade
Conjunto de elementos"A equipe está treinando constantemente."está (singular)Equipe como unidade

Sujeitos Coletivos

Quando o sujeito é um termo coletivo, o verbo costuma concordar no singular:

  • A multidão se aglomerou na praça.
  • A equipe venceu o campeonato.

Entretanto, em alguns casos, quando o sentido denota pluralidade, o verbo pode ir para o plural:

  • A equipe estão discutindo suas estratégias. (embora mais raro e considerado errado na norma culta, há uso regional ou informal)

4. Concordância com Palavra Antecedente ou Substantivo Fático

Ao referir-se a uma ideia geral ou a uma palavra antecedente, recomenda-se a concordância no singular:

  • A maioria das pessoas gosta de felicidades simples. (não "gostam")
  • A coletividade se manifesta de várias formas.

5. Verbos com Sujeito Comprido ou Frases Complexas

Quando o sujeito é uma frase longa ou composta por várias expressões, a concordância será feita conforme o núcleo principal:

  • O número de estudantes aumentou neste semestre. (sujeito é "número", no singular)
  • As ideias de vocês estão ajudando bastante. (sujeito "as ideias", plural)

6. Verbos com Sujeito Explícito ou Oculto

Se o sujeito não está explícito na frase, é importante identificar quem realiza a ação para fazer a concordância adequada:

  • [Você] Deve estudar mais. (sujeito oculto "você")
  • Faltam duas horas para o fim do jogo. (sujeito "duas horas", sujeito na verdade é a ideia de tempo, no singular)

7. Concordância de Verbos Compostos

Com verbos compostos, a concordância depende da estrutura da frase:

  • Se os verbos estão ligados por e, a concordância é no plural:

  • O trabalhador e o patrão concordaram em várias questões.

  • Se o verbo composto estiver no plural, o verbo ficará no plural:

  • Tenho e tenho tido dificuldades neste assunto.

8. Uso de Verbos no Singular com Sujeitos Intercalados

Quando há palavras intercaladas que interrompem o sujeito, a regra é manter a concordância com o núcleo principal:

  • O livro, as notas e a pasta estão na mesa. (núcleo principal: "livro", concordância no singular ou plural? Aqui, o correto é plural, pois há múltiplos núcleos)

  • O aluno, a professora e o diretor estavam presentes.

Casos Especiais de Concordância Verbal

Além das regras gerais, alguns casos especiais geram dúvidas e é importante conhecê-los para evitar erros comuns.

1. Concordância com Expressões de Quantidade ou Negação

Quando o sujeito é uma expressão de quantidade, o verbo concorda com o núcleo real da ideia:

  • A maioria dos estudantes gosta do novo método.
  • Poucos estudantes compareceram à aula.

No caso de frases negativas:

  • Não problemas. (singular, pois "problemas" está no plural, mas o verbo "há" fica no singular pelo fato de ser o equivalente a "existe").

2. Concordância com Nomes Coletivos e Coletivos

Reiterando exemplos anteriores, a regra é o verbo concordar no singular, quando o significado for coletivo:

  • A multidão se reuniu na praça.

Porém, quando a ideia refere-se a várias pessoas ou elementos individualmente considerados, o verbo pode ir para o plural:

  • As multidões se dispersaram.

3. Verbos com Verbos Substantivados ou em Forma Nominal

Nessa situação, a concordância deve seguir o núcleo do verbo substantivado:

  • O fazer humano é complexo.
  • As tarefas de casa são muitas.

4. Verbos com Tempos Compostos e Modais

Nos tempos compostos, a concordância será feita segundo a pessoa e o tempo verbal:

  • Nós temos estudado bastante. (verbo "ter" no presente, concordado com "nós")
  • Ele teria ajudado se soubesse. (verbo no futuro do pretérito, concordando com "ele")

Já com verbos modais, a regra é que o verbo principal concorde com o sujeito:

  • Eu posso ir amanhã.
  • Ela deve estudar mais.

5. Uso do Verbo na Forma Participial ou Infinitiva

No caso de verbos na forma de infinitivo impessoal ou com sujeito indefinido, a concordância é feita de acordo com o sujeito implícito ou a ideia de generalidade:

  • Falar em público exige coragem.
  • É importante estudar todos os dias.

Se o sujeito for explícito, a concordância deve seguir a regra básica de acordo com o núcleo.

Dicas Práticas para Melhorar sua Concordância Verbal

A seguir, apresento algumas dicas que podem facilitar sua compreensão e aplicação dessa regra:

1. Identifique corretamente o sujeito

Antes de ajustar o verbo, dedique atenção ao sujeito na oração. Pergunte-se: quem realiza a ação? Ele é singular ou plural? Isso facilitará a escolha correta do verbo.

2. Cuidado com sujeitos indiferentes ou coletivos

Entenda o sentido do sujeito: se ele indica uma coletividade, a tendência é usar o verbo no singular, mas se refere a elementos considerados individualmente, o verbo deve concordar no plural.

3. Verifique frases com núcleos ligados por "e" ou "ou"

Lembre-se de que:

  • Núcleos ligados por e → verbo no plural.
  • Núcleos ligados por ou → concordância depende do sentido: se for uma exclusão, fica no singular; se puder ser considerado coletivo, no plural.

4. Esteja atento às expressões de quantidade

Expressões como a maioria, parte, todos, algumas influenciam na concordância; use-as para orientar sua escolha do verbo.

5. Use a regra da concordância unificada ou distributiva quando necessário

Em oração com múltiplos sujeitos e ações distributivas, a concordância pode variar.

6. Consulte fontes confiáveis e atualizadas

Para dúvidas específicas, preferencialmente consulte gramáticas, dicionários ou fontes oficiais como o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP).

7. Leia bastante e pratique

A melhor forma de internalizar as regras é praticando com exemplos reais e leitura contínua de textos bem escritos.

Exemplos de Concordância Verbal em Frases Comuns

Para consolidar o entendimento, apresento uma tabela com exemplos de frases com diferentes estruturas e suas respectivas concordâncias corretas:

EstruturaExemplo de frase corretaComentário
Sujeito simplesA menina canta bem.Sujeito no singular, verbo no singular.
Sujeito composto com "e"Os professores e os alunos conversaram.Verbo no plural.
Sujeito composto com "ou"O pai ou a mãe deve decidir.Concorda com o mais próximo ou com o sentido.
Sujeito coletivoA multidão se dispersou ao amanhecer.Verbo no singular.
Sujeito com palavras negativasNão há problemas aqui.Verbo no singular.
Expressão de quantidadeA maioria das pessoas gosta de música.Verbo no singular, pois o núcleo é "maioria".

Conclusão

A concordância verbal é uma das partes mais importantes e, ao mesmo tempo, mais desafiadoras da gramática portuguesa. Compreender suas regras e aplicar suas nuances garante a escrita correta, clara e elegante de qualquer texto. Desde a identificação do sujeito até a análise de estruturas compostas ou com expressões de quantidade, é essencial estar atento ao contexto e ao sentido da frase para fazer a concordância adequada.

Ao longo deste artigo, apresentei regras gerais, casos especiais e dicas práticas para que você possa se sentir mais seguro ao construir frases e ao revisar seus textos. Lembre-se: prática constante, leitura de fontes confiáveis e atenção aos detalhes são fundamentais para dominar essa regra.

Reconhecer os detalhes que influenciam a concordância verbal ajuda a evitar erros comuns e aprimora sua comunicação escrita, contribuindo para seu sucesso acadêmico e pessoal.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Como saber se devo usar o verbo no singular ou plural com sujeito composto ligado por "e"?

Quando os núcleos do sujeito ligados por e representam ações ou elementos diferentes, o verbo deve ficar no plural. Exemplo: O professor e o aluno discutiram o assunto. No entanto, se a ideia estiver unificada, o verbo pode ficar no singular. Exemplo: A professora e a diretora decidiu implementar a mesma estratégia.

2. E quando o sujeito é formado por palavras intercaladas? Como fazer a concordância?

Nesses casos, a concordância é feita com o núcleo principal do sujeito, ignorando-se as palavras que o intercalam. Por exemplo: O livro, as notas, e a pasta estão na mesa. Aqui, o núcleo principal é "livro", mas há múltiplos núcleos, portanto, o verbo deve concordar no plural.

3. Qual o uso correto da concordância com expressões de quantidade, como "a maioria" ou "parte"?

Expressões de quantidade como "a maioria" ou "parte" normalmente levam o verbo ao singular, pois referem-se a um conjunto considerado uma unidade. Exemplo: A maioria das pessoas gosta de música. Contudo, dependendo do contexto, a concordância pode variar.

4. Por que às vezes vejo frases com o verbo no plural, mesmo com sujeito no singular?

Isso pode ocorrer em casos de sujeito composto ou quando há intenção de indicar cada elemento individualmente. Por exemplo: O aluno e o professor estão presentes. Aqui, há duas pessoas, portanto, o verbo no plural.

5. Como fazer a concordância verbal com sujeitos coletivos?

Sujeitos coletivos geralmente pedem verbo no singular: A equipe venceu o campeonato. Entretanto, quando o sentido indica pluralidade, o verbo pode ir para o plural: As equipes estão treinando.

6. Quais os erros mais comuns na concordância verbal?

  • Usar verbo no plural com sujeito singular ou vice-versa.
  • Não perceber a presença de expressões que modificam o sujeito.
  • Confundir sujeito simples com composto.
  • Ignorar o sentido da frase ao escolher a concordância.
  • Esquecer-se de que sujeitos coletivos podem variar a concordância dependendo do contexto.

Referências

  • Aurélio - Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Editora Moderna.
  • Academia Brasileira de Letras. Gramática Normativa da Língua Portuguesa.
  • SILVA, Evanildo. Gramática Digital. Disponível em: https://www.evandidosilva.com.br/gramaticadigital
  • Volp - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Acadêmica Brasileira de Letras, 2020.
  • CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Editora Lexikon, 2004.
  • Prática de língua portuguesa – Cursos e materiais online de Gramática.

"A melhor maneira de aprender gramática é exercitar-se constantemente, lendo e escrevendo com atenção às regras."

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