A busca por métodos contraceptivos eficazes e acessíveis é uma preocupação constante para muitas pessoas que desejam planejar sua família de forma segura e responsável. Entre as diversas opções disponíveis no mercado, o Dispositivo Intrauterino, conhecido popularmente como Diu, tem ganhado destaque devido à sua alta taxa de eficácia, praticidade e baixa manutenção. Este artigo tem como objetivo fornecer uma visão abrangente e detalhada sobre o Diu, abordando sua história, tipos, funcionamento, vantagens, riscos e recomendações, com o intuito de esclarecer dúvidas e promover uma compreensão mais profunda sobre esse método contraceptivo.
O que é o Diu?
Definição e conceito
O Diu (Dispositivo Intrauterino) é um método contraceptivo de longa duração, inserido na cavidade uterina por um profissional de saúde qualificado. Trata-se de um pequeno objeto em forma de T, feito geralmente de plástico e, em alguns casos, contendo cobre ou hormônios. Sua principal função é impedir que ocorra a fertilização ou a implantação do óvulo fecundado, garantindo uma alta taxa de eficácia na prevenção da gravidez.
Breve história do Diu
O uso do Diu remonta a antigas civilizações, onde dispositivos semelhantes eram utilizados para controlar a fertilidade. No século XX, com o avanço da medicina e da tecnologia, o método foi aprimorado e se tornou uma opção moderna e segura. Nos anos 1960, o Diu com cobre começou a ser amplamente utilizado, consolidando sua eficácia e popularidade ao longo das décadas.
Tipos de Diu
Diu de cobre
O Diu de cobre é o tipo mais comum e conhecido. Ele apresenta uma pequena quantidade de cobre em suas aletas ou fio, que interfere na mobilidade dos espermatozoides e na integridade do gameta, dificultando a fertilização.
- Vantagens:
- Alta eficácia (cerca de 99,2%)
- Pode permanecer no útero por até 10 anos
- Não contém hormônios
- Desvantagens:
- Possível aumento do fluxo menstrual
- Pode causar cólicas intestinais nos primeiros meses pós-inserção
Diu hormonal
O Diu hormonal libera uma pequena quantidade de hormônio progestagênio, que impede a ovulação, além de engrossar o muco cervical, dificultando a entrada dos espermatozoides.
- Vantagens:
- Redução do fluxo menstrual e dores associadas
- Eficácia próxima à do Diu de cobre
- Desvantagens:
- Pode provocar efeitos colaterais hormonais, como alterações de humor ou sangramentos irregulares
- Geralmente tem uma durabilidade de até 5 anos
Diferenças principais entre os tipos
Características | Diu de cobre | Diu hormonal |
---|---|---|
Libera cobre/hormônio | Cobre | Progestagênio |
Duração média | Até 10 anos | Até 5 anos |
Efeito na menstruação | Aumenta o fluxo e cólicas | Diminui ou elimina o fluxo |
Riscos de efeitos colaterais | Menor risco de efeitos hormonais | Pode gerar alterações hormonais |
Como funciona o Diu?
Mecanismo de ação
O Diu atua de várias formas para prevenir a gravidez, dependendo do seu tipo:
- Diu de cobre:
- Liberação de íons de cobre que prejudicam a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides.
- Ambiente tóxico para os espermatozoides na cavidade uterina.
Pode interferir na implantação do óvulo fertilizado, embora essa seja uma ação secundária.
Diu hormonal:
- Liberação contínua de progestagênio, que suprime a ovulação na maioria das mulheres.
- Engrossa o muco cervical, dificultando a entrada dos espermatozoides no útero.
- Reduz o espessamento do endométrio, dificultando a implantação do óvulo.
Inserção e retirada
A inserção do Diu deve ser realizada por um profissional de saúde durante o período menstrual, para facilitar a captação do útero e reduzir desconfortos. A retirada é igualmente simples, podendo ser feita em consultório e sempre sob orientação médica.
Precauções após a inserção
Após a colocação, é comum experimentar algum desconforto, como cólicas ou sangramento irregular. Recomenda-se evitar relações sexuais intensas e usar preservativos até a consulta de acompanhamento, para garantir que a inserção ocorreu com sucesso.
Vantagens do Diu
Alta eficácia contraceptiva
O Diu oferece uma taxa de eficácia de aproximadamente 99,2% a 99,4%, similar à de outros métodos de longo prazo, sendo considerado uma das opções mais confiáveis para evitar a gravidez não planejada.
Longa duração de efeito
Dependendo do tipo, a duração pode variar de 3 a 10 anos, o que proporciona conveniência e praticidade, eliminando a necessidade de reposição frequente.
Baixo impacto na rotina
Após inserido, o usuário não precisa se preocupar com a administração diária de medicamentos ou controles frequentes, o que favorece a adesão ao método.
Não interferência na vida sexual
O Diu não interfere na relação sexual, já que não exige uso de preservativo ou outros métodos na hora do ato, proporcionando espontaneidade e conforto.
Reparável e reversível
A retirada do Diu é simples e possibilita a recuperação da fertilidade na maioria dos casos, o que é uma vantagem importante para quem deseja engravidar futuramente.
Riscos e efeitos colaterais
Apesar de serem relativamente raros, alguns riscos e efeitos adversos podem ocorrer:
Possíveis complicações
- Perfuração uterina: raramente, o Diu pode perfurar a parede do útero durante a inserção.
- Expulsão: o dispositivo pode se deslocar ou ser expulso espontaneamente, especialmente nos primeiros meses.
- Infecções: risco aumentado de infecção após a inserção, sobretudo nas primeiras semanas.
Efeitos colaterais mais comuns
- Cólicas ou dores inferiores
- Sangramento irregular ou aumento do fluxo menstrual (especialmente no Diu de cobre)
- Pequena chance de alterações hormonais, como sensibilidade mamária, alterações de humor ou acne (no caso do Diu hormonal)
Recomendações importantes
É fundamental realizar acompanhamento médico regular para verificar a posição do Diu, identificar possíveis complicações precocemente e assegurar a eficácia do método.
Quem pode usar o Diu?
Critérios de elegibilidade
O uso do Diu é indicado para a maioria das mulheres que desejam um método contraceptivo de longa duração. No entanto, algumas condições exigem cautela ou contraindicação, como:
- Grávidas confirmadas ou suspeitas
- Infecções uterinas ou vaginalizadas ativas
- Doenças inflamatórias pélvicas anteriores
- Sangramentos uterinos irregulares de causa ainda não esclarecida
- Alergias ou hipersensibilidade ao cobre, hormônios ou componentes do dispositivo
Contraindicações
Antes de colocar o Diu, é imprescindível realizar uma avaliação médica completa, incluindo exame clínico e, se necessário, exames de imagem e coleta de culturas. Mulheres que apresentam alguma das condições abaixo devem evitar o uso do método:
- Gravidez confirmada
- Doenças infecciosas ativas (como HIV ou hepatite)
- Tumores uterinos ou cervicales de natureza maligna
- Anomalias uterinas severas
Recomendações e cuidados
Antes da instalação
- Realizar consulta médica para avaliação detalhada
- Informar ao profissional sobre o histórico clínico e medicamentos em uso
- Realizar exames preventivos, como papanicolau
Após a instalação
- Acompanhar sinais de complicações, como dor intensa, febre ou sangramento excessivo
- Evitar relações sexuais e exercícios físicos intensos nas primeiras semanas
- Retornar ao médico para avaliação de follow-up e confirmação da posição do Diu
Quando procurar um médico?
- Em caso de dor severa ou persistente
- Se ocorrer expulsão parcial ou total do dispositivo
- Se houver febre, mal-estar ou sinais de infecção
- Para exames de rotina de acompanhamento
Conclusão
O Diu representa uma das opções mais eficazes, seguras e convenientes de método contraceptivo de longa duração, sendo uma escolha popular entre mulheres que buscam autonomia e praticidade na prevenção de gravidez. Seus tipos, o cobre e os hormonais, atendem a diferentes necessidades e preferências, proporcionando benefícios únicos e riscos controlados. Contudo, é fundamental realizar a inserção sob orientação médica especializada, além de seguir as recomendações de acompanhamento e cuidado para garantir sua eficácia e segurança.
Ao entender seus mecanismos de ação, vantagens e potenciais efeitos adversos, podemos tomar decisões informadas e responsáveis sobre a saúde reprodutiva, promovendo uma vida sexual mais tranquila e planejada.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Quanto tempo o Diu pode ficar no útero?
O Diu de cobre pode permanecer no útero por até 10 anos, enquanto o Diu hormonal geralmente tem uma duração de até 5 anos. A decisão de manter ou substituir deve ser orientada por um profissional de saúde durante os acompanhamentos de rotina.
2. O Diu impede a gravidez imediatamente após a colocação?
Sim, o Diu oferece alta eficácia logo após sua inserção, mas recomenda-se aguardar pelo menos uma semana antes de relações sexuais, para garantir que o dispositivo esteja corretamente colocado e evitar riscos de infecção.
3. O Diu pode causar infertilidade?
Não, o Diu não causa infertilidade permanente. Após a remoção do dispositivo, a fertilidade costuma retornar ao normal na maioria dos casos.
4. É doloroso colocar o Diu?
A colocação pode gerar algum desconforto, como dor ou cólica, especialmente durante a inserção, mas esses sintomas geralmente desaparecem em poucas horas ou dias. O profissional de saúde pode administrar analgésicos para tornar o procedimento mais confortável.
5. Quais os efeitos do Diu na menstruação?
O Diu de cobre tende a aumentar o fluxo menstrual e causar cólicas mais intensas nos primeiros meses. Já o Diu hormonal geralmente reduz o volume de sangue e diminui as dores, podendo até interromper a menstruação em algumas mulheres.
6. Posso engravidar após retirar o Diu?
Sim, a maioria das mulheres consegue engravidar normalmente após a retirada do dispositivo. A fertilidade costuma ser recuperada rapidamente, e o método não causa alterações permanentes na capacidade reprodutiva.
Referências
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Guia de métodos contraceptivos. 2020.
- Ministério da Saúde. Diretrizes de Planejamento Familiar. Brasília: MS, 2022.
- Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (SBGO). Manual de contraceção. 2021.
- World Health Organization. Medical eligibility criteria for contraceptive use. 5th ed. Geneva: WHO; 2015.
- Fernanda Almeida, et al. "Dispositivo Intrauterino (Diu): Revisão e Atualizações". Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2020.