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Funções Sintáticas da Palavra Que: Guia Completo para Estudantes

No estudo da língua portuguesa, compreender as funções sintáticas das palavras é fundamental para uma análise gramatical precisa e para aprimorar a produção de textos. Entre as diversas palavras que exercem funções importantes na estrutura da frase, destaca-se a palavra que, uma das mais versáteis e frequentemente utilizadas na nossa língua.

A palavra que possui múltiplas funções sintáticas, dependendo do contexto em que é empregada. Seu uso adequado é essencial para evitar ambiguidades, enriquecer a oralidade e a escrita, além de proporcionar maior clareza na comunicação. Este artigo pretende ser um guia completo para estudantes, professores e interessados em entender, de forma clara e aprofundada, as várias funções sintáticas da palavra que.

Vamos explorar de forma detalhada cada uma dessas funções, suas características, exemplos práticos e dicas para reconhecer a atuação de que nas diferentes estruturas frazeológicas. Afinal, dominar o uso de que é uma etapa fundamental para aprimorar o domínio da gramática normativa e a prática da leitura e escrita.

Funções Sintáticas da Palavra Que: Visão Geral

Antes de aprofundar cada função, é importante termos uma visão geral. A palavra que pode exercer diversas funções dentro da oração, tais como:

  • Pronome relativo
  • Conjunção subordinativa
  • Foco oracional
  • Indicador de perguntas indiretas
  • Complemento do nome
  • Partícula expletiva

No decorrer deste artigo, vamos detalhar cada uma delas, apresentando exemplos, regras de uso e diferenças essenciais.


Funções Sintáticas da Palavra Que: Detalhamento e Exemplificações

1. Que como Pronome Relativo

Definição e Função

Quando que atua como pronome relativo, ele serve para unir duas orações (orações subordinadas) e retoma um termo antecedente (uma palavra ou expressão da oração principal), estabelecendo uma relação de referência.

Exemplo:

A menina que ganhou o prêmio é minha colega.

Aqui, que retoma a menina e introduz a oração subordinada:

que ganhou o prêmio

Características importantes

  • Geralmente, é acompanhado de um antecedente expresso na oração principal.
  • Pode exercer funções dentro da oração subordinada, como sujeito, objeto ou complemento.

Exemplos adicionais:

ExemploFunção do queAnálise
O livro que você leu é interessante.Pronome relativoRetoma o livro
A mulher que veio ontem é minha tia.Pronome relativoRetoma a mulher

Uso do pronome relativo que

  • Pode substituir termos como o qual, a qual, os quais, as quais, dependendo do gênero e número.
  • Seu uso é mais comum na linguagem formal e escrita do que na oralidade, onde muitas vezes é substituído por que sozinho.

2. Que como Conjunção Subordinativa

Definição e Função

Quando que funciona como conjunção subordinativa, ela introduz orações subordinadas, conectando-as à oração principal. Essas orações podem ser subordinadas substantivas, adverbiais ou condicionais.

Exemplo:

Espero que você venha à festa.

Aqui, que introduz uma oração subordinada substantiva, que funciona como objeto direto do verbo espero.

Classificação das conjunções subordinativas que

Tipo de oração subordinadaExemploFunção da oração subordinada
Substantiva objetivaEspero que você venha.Complementa o sentido do verbo principal
Substantiva subjetivaQue vocês entendam é importante.Atua como sujeito da oração principal
Substantiva predicativaA verdade é que todos podem aprender.Complementa o núcleo do predicativo

Exemplos de diferentes usos:

  • Finalidade: Vou te ajudar que possas aprender mais facilmente.
  • Causa: Que ele não veio é uma surpresa.

3. Que como Partícula de Foco ou Ênfase

Definição e Uso

Em certos contextos, que é usada para dar ênfase ou destacar uma parte da oração, funcionando como elemento de foco, denominado foco oracional.

Exemplo:

Que bela paisagem!

Nesse caso, que serve para intensificar a admiração, destacando a beleza da paisagem.

Características

  • Geralmente acompanhado de palavras exclamativas (que, que de, tão).
  • Pode aparecer também na estrutura de exclamativas, para reforçar uma emoção ou ênfase.

Exemplo adicional:

Que felicidade sentir-se em casa!

4. Que como Indicador de Pergunta Indireta

Definição e Uso

Quando que é empregado em perguntas indiretas, ele introduz orações interrogativas subordinadas, que não são feitas diretamente, mas dentro de uma oração afirmativa ou negativa.

Exemplo:

Não sei que ele pensa.

Aqui, que introduz uma pergunta indireta, ligada ao verbo saber.

Características

  • Não deve ser confundido com as perguntas diretas (que levam o uso de ponto de interrogação na oração principal).
  • Pode estar ligado a verbos como saber, perguntar, questionar, dizer.

5. Que como Complemento Nominal

Definição e Uso

Que pode atuar como uma partícula que complementa o sentido de um substantivo, adjetivo ou advérbio, funcionando como complemento nominal.

Exemplo:

A certeza que tenho é de que tudo vai melhorar.

Aqui, que complementa o substantivo certeza.


Dicas e Como Reconhecer as Funções de Que

Reconhecer as diferentes funções sintáticas de que exige atenção ao contexto e à estrutura da frase. Algumas dicas importantes:

  • Para identificar que como pronome relativo, verifique se ele retoma um termo antecedente e liga uma oração subordinada à principal.
  • Quando que introduz uma oração subordinada, principalmente de sentido substantivo, ela funciona como conjunção.
  • Caso que apareça numa expressão exclamativa ou enfatizando, poderá ser foco ou partícula de ênfase.
  • Observe a presença de verbos que indicam dúvida ou pensamento para identificar o uso de que como indicador de pergunta indireta.
  • Analise se que está ligado a substantivos, verificando sua função de complemento nominal.

Conclusão

A palavra que é uma das partículas mais versáteis e essenciais na estrutura do português, exercendo variadas funções sintáticas que enriquecem a linguagem e permitem a construção de frases mais complexas e expressivas. Desde seu uso como pronome relativo, que retoma termos antecedentes, até sua participação como conjunção subordinativa, que é uma ferramenta indispensável para estabelecer relações de sentido entre as orações.

A compreensão dessas funções auxilia não apenas na leitura e na interpretação de textos, mas também na produção de textos bem estruturados, claros e coesos. Investir no entendimento do uso de que é, portanto, um passo importante para aprimorar o domínio gramatical, contribuindo para uma comunicação mais eficiente e elaborada.

Cabe a cada estudante praticar o reconhecimento dessas funções em diferentes contextos, além de consultar fontes confiáveis para aprofundamento do conhecimento.


Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quando que deve ser utilizado como pronome relativo?

Que funciona como pronome relativo sempre que retoma um termo antecedente e une duas orações, estabelecendo uma relação de referência. Normalmente, poderá ser usado em frases como: "A mulher que canta é minha tia" ou "O livro que você leu é interessante". Para identificar essa função, verifique se há uma oração subordinada que complementa um termo da oração principal e se que retoma esse termo.

2. Como diferenciar que como conjunção subordinativa de que como pronome relativo?

A principal diferença está na análise do papel que que desempenha na oração. Como conjunção subordinativa, que conecta uma oração subordinada à principal, introduzindo sentenças que funcionam como objeto, sujeito ou complemento. Já como pronome relativo, que retoma um termo antecedente e liga uma oração subordinada que fornece uma informação adicional ou específica sobre esse termo. A identificação depende de entender se que está ligando duas orações ou substituindo um termo na mesma.

3. Quais as principais diferenças entre que como foco e que como pronome relativo?

Quando que funciona como foco, ela é usada para dar ênfase a uma parte da oração, frequentemente em estruturas exclamativas ou de ênfase, como em "Que dia maravilhoso!". Já como pronome relativo, ela retoma um termo antecedente e introduz uma oração subordinada que complementa ou esclarece esse termo, como em "A menina que ganhou o prêmio".

4. Que pode ser usado em perguntas diretas e indiretas? Como identificá-los?

Sim. Em perguntas diretas, que aparece dentro de uma frase interrogativa direta, terminando com ponto de interrogação: "Que horas são?". Em perguntas indiretas, que introduz uma oração subordinada questionando algo de forma indireta, como: "Não sei que horas são". Para diferenciar, observe se a frase é uma pergunta explícita ou se está em uma oração subordinada dentro de uma frase afirmativa ou negativa.

5. Como o uso de que varia na linguagem formal e na linguagem coloquial?

Na linguagem formal, o uso de que costuma seguir regras mais rigorosas, como evitar a omissão do pronome relativo quando necessário ou substituir que por outras formas mais formais (ex: o qual). Na linguagem coloquial, há uma maior flexibilização, e muitas vezes que é usado de forma mais simples, como na fala do dia a dia, onde pode ser omitido ou substituído por formas mais curtas.

6. É possível usar que de forma indevida na construção de frases? Como evitar isso?

Sim. O uso indevido ocorre quando que é empregado sem a devida relação sintática ou sem seguir as regras específicas de cada função, gerando ambiguidade ou erros de concordância. Para evitar isso, pratique a análise sintática da frase, identifique o papel de que e certifique-se de que sua função está adequada ao contexto. Ler bastante, consultar gramáticas confiáveis e revisar as frases ajuda a evitar erros.


Referências

  • Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Editora Texto Editores, 2001.
  • Celso Cunha e Lindley Cintra. Gramática da Língua Portuguesa. Editora Contexto, 2018.
  • Bechara, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Editora Lucerna, 2009.
  • Craig, Coelho. Gramática Aplicada da Língua Portuguesa. Editora Moderna, 2017.
  • Projeto Gramática Ativa – Universidade de Lisboa. Disponível em: https://propostas.graduadas.pt

Este guia proporciona uma compreensão aprofundada das funções sintáticas da palavra que, promovendo um estudo mais crítico e consciente do uso em diferentes contextos. Espero que esta leitura contribua para aprimorar seu domínio da gramática e para uma comunicação cada vez mais clara e eficiente.

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