Haviam Ou Havia: Dicas de Uso Correto na Língua Portuguesa

Introdução

A língua portuguesa é repleta de nuances e detalhes que muitas vezes podem gerar dúvidas até mesmo em falantes nativos. Um desses pontos que frequentemente causa confusão é o uso do verbo haver no sentido de existência, especialmente nas formas havia e haviam. Afinal, qual é a forma correta a ser usada em diferentes contextos? Essa questão é importante não apenas para quem busca uma comunicação mais clara e correta, mas também para quem deseja aprimorar seu domínio da norma culta da língua portuguesa.

Neste artigo, vamos explorar profundamente as diferenças entre havia e haviam, abordando regras gramaticais, exemplos práticos, dicas de uso e histórias relacionadas às suas aplicações. Meu objetivo é oferecer uma orientação clara e acessível para que você possa evitar equívocos comuns e enriquecer seu repertório linguístico. Vamos entender juntos quando usar cada uma dessas formas e por quê.

A Origem e Filosofia do Verbo Haver

O que é o verbo haver?

O verbo haver possui múltiplos sentidos na língua portuguesa:

• Existência: indicando a presença de algo ou alguém.
• Tempo decorrido: referindo-se ao tempo passado ou futuro.
• Auxiliar na formação de tempos compostos: como ter em certas estruturas.

No contexto deste artigo, focaremos no uso de haver como um verbo impessoal que indica existência ou presença, o que é frequentemente motivo de dúvida na hora de concordar com o sujeito.

Como funciona o uso de haver na expressão de existência?

No português formal e padrão, o verbo haver na forma impessoal é quase sempre utilizado com a terceira pessoa do singular (há, havia), independentemente do número do sujeito. Exemplos básicos incluem:

• Há muitos livros na biblioteca.
• Havia várias pessoas na sala.

No entanto, a confusão surge na conjugação em tempo passado, principalmente com as formas havia e haviam.

Diferenças entre havia e haviam

Uso de havia

Havia é a forma do pretérito imperfeito do verbo haver, na terceira pessoa do singular. Essa forma é a mais recomendada e correta na maioria das situações em que se deseja indicar que alguma coisa existia ou acontecia no passado, especialmente em registros formais, acadêmicos e na norma culta.

Exemplos ao usar havia:

• Havia muitas dificuldades na época.
• Quando havia conflitos, as negociações eram encerradas.
• Existiam vários problemas que havia que resolver.

Observação importante: Mesmo que o sujeito seja plural, a forma correta na norma padrão é havia, pois o verbo haver é impessoal e invariável nesse sentido.

Uso de haviam

Haviam é a forma do pretérito imperfeito do verbo haver na terceira pessoa do plural, e sua utilização é considerada gramaticalmente incorreta na norma culta quando se refere ao verbo haver com sentido de existência. Ainda assim, é bastante comum na linguagem falada, informal, e em algumas regiões do Brasil, onde é aceita popularmente como variante.

Exemplos frequentemente encontrados na fala:

• Haviam muitas pessoas na festa.
• Quando haviam problemas, ninguém sabia o que fazer.

Por que evitar haviam na norma culta?

Porque, de acordo com a gramática normativa, o verbo haver no sentido de existência é impessoal e deve estar sempre na terceira pessoa do singular (havia), independentemente do número do sujeito.

Resumo das diferenças

Quando usar havia ou haviam: regras detalhadas

Regras gramaticais para o uso de haver

1. Verbo impessoal: haver no sentido de existir é impessoal, devendo sempre estar na 3ª pessoa do singular, no presente (há) ou no passado (havia).

2. Sujeito singular ou plural: Mesmo que o sujeito seja composto, o verbo permanece na terceira pessoa do singular.

   • Correto: Havia muitas pessoas na reunião.
   • Incorreto na norma culta: Haviam muitas pessoas na reunião.

3. Frases com sentido de tempo decorrido: Haver também se emprega para indicar passagem de tempo, e nesse caso, mantém-se na forma impessoal.

   • Exemplo: Há dois anos, viajei para o exterior.

Casos em que haviam aparece na linguagem informal

• Apesar de estar incorreta na norma padrão, a forma haviam é frequentemente empregada na fala coloquial e na escrita informal, especialmente em regiões onde o uso popular predomina.

• É importante estar atento, pois, para uma redação acadêmica, formal ou oficial, o uso adequado é sempre havia, mesmo ao tratar de sujeitos plurais na ideia de existência.

Reestruturação de frases para evitar ambiguidades

Às vezes, a escolha entre havia e haviam pode gerar dúvidas na construção da frase. Para evitar erros, recomendo reestruturar as frases quando possível.

Exemplo com dificuldade:

• Errado: Haviam muitas pessoas na loja.
• Correto: Havia muitas pessoas na loja.

Outra dica: Sempre que o sujeito é composto, uma alternativa segura é usar o verbo existir, que também é impessoal e invariável.

• Exemplo: Existiam muitas dificuldades na época.

Caso das expressões com há e havia

• Há (presente) e havia (pretérito imperfeito) também são essenciais no uso adequado, dependendo do aspecto temporal que deseja expressar.

Dicas práticas para evitar erros comuns

1. Sempre lembre que haver no sentido de existência é impessoal e, portanto, deve ser conjugado na terceira pessoa do singular.

2. Para frases com sujeito plural, prefira reescrever usando existir ou ajustar a frase para evitar ambiguidades:

3. Exemplo: Existem várias alternativas. (em vez de Haviam várias alternativas.)

4. Na fala, muitas pessoas usam haviam sem problemas de compreensão, mas na escrita formal, o mais adequado é usar havia.

5. Faça o seguinte teste: substitua haver por existir. Se a frase ainda fizer sentido e o verbo permanecer na terceira pessoa do singular, a forma havia está correta.

6. Exemplo: Havia muitos livros na estante. | Substituindo por existir: Existiam muitos livros na estante. (Ajuste necessário para manter a gramática correta na escrita formal).

Histórias e curiosidades sobre haver

Sabemos que, na história da língua portuguesa, haver sempre foi um verbo de grande importância, especialmente na expressão do tempo e da existência. Seu uso varia bastante ao longo dos séculos e regiões.

Por exemplo, na poesia e na literatura clássica, é comum encontrarmos formas variadas que refletem a evolução do idioma. Com o passar do tempo, o uso de haviam tornou-se comum na linguagem popular, o que criou um conflito entre a norma culta e a língua falada.

Este fenômeno retrata a dinâmica da língua, que está sempre em transformação, e destaca a importância de aprendermos as regras padrão para uma comunicação formal, sem perder a essência popular que enriquece a nossa expressão diária.

Conclusão

Ao longo deste artigo, abordamos as principais diferenças e regras de uso entre havia e haviam. Destacamos que:

• Havia é a forma correta na norma culta para o verbo haver no sentido de existência, independentemente do número do sujeito.
• Haviam é uma forma comum na fala informal, mas considerada incorreta na escrita formal e acadêmica.
• Sempre que tiver dúvida, substitua por existir para verificar a concordância, reforçando o uso adequado.
• O domínio dessas regras auxilia para uma comunicação mais clara, precisa e correta, além de evitar possíveis ambiguidades.

A língua portuguesa é um patrimônio cultural que merece atenção e respeito, e entender suas regras do uso é essencial para quem deseja se expressar com naturalidade e correção. Espero que essas dicas sejam úteis para aprimorar seu conhecimento e confiança ao utilizar haver na sua escrita e fala.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Pode-se usar haviam na linguagem formal?

Resposta: Não, na linguagem formal e na norma padrão, o correto é havia, mesmo quando o sujeito é plural, pois haver no sentido de existência é impessoal e invariável na terceira pessoa do singular. O uso de haviam é considerado incorreto na gramática padrão, embora seja comum na fala coloquial.

2. Como posso saber se devo usar havia ou há?

Resposta: Use há quando estiver falando no presente, indicando algo que existe agora, como Há muitas pessoas aqui. Use havia em contextos no passado, como Havia muitas dificuldades naquela época. Ambos são formas do verbo haver, impessoal.

3. O verbo haver funciona como auxiliar em tempos compostos?

Resposta: Sim, em certos tempos verbais compostos, haver funciona como auxiliar, como em tinha havido ou havia havido. Nesses casos, mantém-se a concordância com o sujeito, de acordo com o tempo e a construção da frase.

4. Por que haver é considerado um verbo impessoal?

Resposta: Porque, quando utilizado no sentido de existência, haver não varia de acordo com o número do sujeito e sempre aparece na terceira pessoa do singular, como em há e havia. Ele expressa uma ideia de universalidade ou generalidade, não de ações que o sujeito realiza ou sofre.

5. É possível usar haviam em textos religiosos ou poéticos?

Resposta: Sim. Em textos literários, poéticos ou históricos, autores costumam usar formas que fogem às regras atuais da gramática normativa por questões de estilo ou época. Entretanto, na escrita formal e atual, o recomendado é usar havia.

6. Quais são as principais diferenças entre haver e existir?

Resposta: Ambos podem indicar existência, mas haver é impessoal, invariável na norma culta, e costuma ser utilizado em frases mais formais ou acadêmicas, além de indicar tempo passado. Existir, por outro lado, é verbo regular, varia de acordo com o sujeito e é muito mais comum na linguagem cotidiana.

Referências

• Academia Brasileira de Letras. Gramática Moderna da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Serviços Gráficos, 2009.
• Celso Pedro Luft. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2009.
• Maria Helena do Nascimento. Gramática Didática da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Moderna, 2013.
• Normas da Academia Brasileira de Letras (ABL). Disponível em: https://www.abrapress.org.br/
• Portais de Língua Portuguesa. Informação oficial e dicas de uso do verbo haver.
• Dicas de gramática e ortografia. Ministério da Educação.

Se precisar de mais alguma orientação ou exemplos adicionais, posso ajudar.