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Hífen: O Que Permanece Igual na Concordância e Uso Correto

A língua portuguesa é uma complexa teia de regras, regras essas que muitas vezes confundem os estudantes e até mesmo falantes experientes. Entre esses aspectos, o uso do hífen constitui uma das questões mais discutidas e mal compreendidas. Afinal, quando deve-se usar o hífen? O que permanece igual na sua utilização, mesmo com as mudanças nas regras ortográficas? Nesse contexto, entender o papel do hífen e suas regras é fundamental para uma escrita correta, clara e de acordo com a norma padrão.

O hífen, esse pequeno traço que muitas vezes chega a parecer insignificante, é um elemento que pode alterar totalmente o sentido e a compreensão de palavras e expressões. Sua presença ou ausência pode determinar se uma palavra está correta ou incorreta, impactando não apenas na escrita, mas também na leitura e na compreensão do texto. Além disso, o uso do hífen também influencia na concordância, na formação de palavras compostas e em várias regras de ortografia.

Neste artigo, abordarei de forma detalhada o que permanece igual na utilização do hífen após as mudanças nas regras ortográficas recentemente implementadas, além de explicar as regras gerais e casos específicos de uso. O objetivo é fornecer um conteúdo acessível, porém técnico, para que estudantes, professores e demais leitores possam compreender por que certas regras permanecem inalteradas e como aplicar essas regras na prática do dia a dia.

Vamos explorar a história das regras do hífen, suas características principais, exemplos práticos de uso, bem como dicas para evitar erros comuns. Assim, espero contribuir para que você domine um dos aspectos mais importantes da ortografia da língua portuguesa com segurança e clareza.


História e evolução do uso do hífen na língua portuguesa

A origem do hífen na ortografia portuguesa

O hífen foi incorporado à língua portuguesa como um sinal de pontuação há muitos séculos, tendo suas raízes em regras que visavam facilitar a leitura e a compreensão de palavras compostas e expressões. Desde seus primórdios, o uso do hífen passou por diversas mudanças, acompanhando as transformações linguísticas e as reformas ortográficas.

Reformas ortográficas e o impacto no uso do hífen

Em 1990, foi implementada a Década Ortográfica da Língua Portuguesa, que visou unificar a ortografia entre países lusófonos. Uma das principais mudanças foi o uso do hífen, principalmente na formação de palavras compostas. Algumas regras foram simplificadas, mantendo certas regras antigas que continuam em vigor, formando a base do que permanece igual.

Segundo a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, uma das mudanças mais notáveis foi a eliminação do hífen em certos casos de palavras compostas narrativas, algumas formas de prefixos e certos compostos com prefixos repetidos.

Por que certas regras do hífen permanecem inalteradas?

Apesar das mudanças, algumas regras permanecem iguais devido à sua lógica e à sua importância para garantir consistência na escrita e na leitura. Essas regras ajudam a evitar ambiguidades e facilitam a compreensão do texto, permanecendo essenciais na normativa atual.


Regras do uso do hífen que permanecem iguais

Apesar de muitas mudanças implementadas na ortografia, várias regras sobre o uso do hífen continuam permanecendo iguais, reafirmando suas funções de clareza e funcionamento da língua.

1. Uso do hífen em palavras compostas formadas por substantivos, adjetivos ou verbos

Quando duas palavras se unem para formar um termo composto, o hífen é utilizado para unir esses elementos.

ExemploSignificado
guarda-chuvaObjeto para proteger da chuva
banco de dadosSistema de armazenamento de informações
segunda-feiraDia da semana

Regra: O hífen é obrigatório na formação de palavras compostas por esses elementos, especialmente quando o segundo elemento inicia com h ou com vogal que pode gerar ambiguidade.

2. Uso do hífen em prefixos vinculados a palavras que começam com a mesma vogal ou consoante do prefixo

Segundo a regra, o hífen permanece quando o prefixo é seguido de palavras que começam com a mesma vogal ou consoante que encerra o prefixo.

Exemplos:

  • auto-escola (auto + escola)
  • coibir-e (coibir + e, quando juntamos com prefixo "co" e começa com "e")
  • micro-ondas (micro + ondas)

Importante: Ainda que a regra mude em alguns casos, ela continua válida para certos prefixos, como auto-, co-, pro-, entre outros.

3. Uso do hífen em palavras com prefixos que indicam negação ou repetição

Palavras como não, mal, sem, vice, etc., continuam a usar hífen na formação de palavras compostas, quando necessário.

ExemploObservação
não-violênciaComposto que expressa negação
vice-presidenteCargo de vice com o termo principal
sem-fimExpressando algo que não tem limite

4. Palavras compostas com elementos que representam partes do corpo ou objetos de uso comum

O uso do hífen nessas palavras é importante para manter a clareza e evitar ambiguidades.

ExemplosSignificado
pé-de-molequeDoce tradicional brasileiro
olho-de-boiAnimal ou figura estilizada
cachorro-quenteSanduíche de salsicha

5. Uso do hífen em certos compostos com prefixos repetidos ou que indicam intensidade

Algumas palavras compostas por prefixos indicativos de repetição ou intensidade mantêm o hífen, como:

  • sem-terra
  • anti-inflamatório
  • extra-oficial

Estes exemplos demonstram que o uso do hífen reforça a ligação entre os elementos, facilitando a leitura e compreendendo-se a composição.


Casos específicos onde o hífen permanece igual na nova ortografia

Apesar das mudanças nas regras gerais do uso do hífen, alguns casos específicos continuam a seguir regras tradicionais, reforçando sua importância.

1. Palavras compostas por nomes próprios ou marcas

Nomes de marcas, nomes geográficos e outros nomes próprios mantêm o hífen quando fazem parte de uma composição.

ExemplosObservação
Nonato-PereiraNome composto que mantém o hífen
São Paulo-SPSigla de estado que usa hífen na composição
Coca-ColaMarca com hífen que se tornou padrão na escrita

2. Uso do hífen em palavras compostas com prefixos: bem-, mal-, pior-

Esses prefixos, quando ligados a palavras, continuam a usar hífen para manutenção do sentido.

ExemplosSignificado
bem-vindoSaudação de boas-vindas
mal-humoradoPessoa de humor ruim
pior-estadoEstado de pior condição

3. Palavras compostas por palavras iguais ou semelhantes, reforçando a repetição ou intensidade

Para indicar ênfase ou repetição, usa-se o hífen nesse tipo de composição.

ExemplosNotas
guarda-feiticeiroPessoa que guarda feitiços
corpo-de-buzinaPessoa que faz muita barulho
papa-figosPessoa que gosta de figos ou gosta de derrotar alguém

Como o hífen influencia na concordância e na leitura

A importância do hífen na manutenção da coerência textual

Usar o hífen corretamente é fundamental para manter a coerência do texto. Ele ajuda a delimitar compostos e indica que os elementos estão ligados, evitando ambiguidades. Uma palavra mal-hifenizada pode gerar confusão na leitura, alterando o sentido pretendido.

Exemplos de leitura e compreensão

  • Guarda-chuva (não guarda chuva) – Um objeto para proteger da chuva.
  • Segundo-feira (não segundafeira) – Especifica o dia da semana.

Percebo que, ao usar o hífen, as palavras ficam mais claras e fáceis de compreender, sobretudo em textos mais formais e acadêmicos.


Conclusão

Ao longo deste artigo, revisamos o que permanece igual na utilização do hífen após as mudanças na ortografia portuguesa. Destacamos regras essenciais, como o uso em palavras compostas por substantivos, adjetivos ou verbos, em prefixos que mantêm sua ligação ou indicam negação ou repetição, bem como casos envolvendo nomes próprios, marcas e compostos que reforçam a composição.

Apesar da adoção de novas regras que buscaram simplificar o uso do hífen, muitos princípios tradicionais continuam relevantes por sua lógica e seu papel na clareza textual. Compreender esses aspectos é fundamental para garantir uma escrita correta, coesa e de acordo com a norma culta do português.

Lembre-se sempre de consultar fontes confiáveis e atualizadas para esclarecer dúvidas específicas, além de praticar constantemente a escrita de palavras compostas. Dessa forma, você estará mais preparado para usar o hífen corretamente e evitar erros comuns que podem comprometer seu texto.


Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Ainda existe o uso do hífen na formação de palavras compostas?

Sim. Algumas regras que envolvem o uso do hífen continuam vigentes após a reforma ortográfica, especialmente em casos de palavras compostas por substantivos, adjetivos, verbos, nomes próprios, marcas e prefixos específicos.

2. Quando devo usar o hífen após a reforma ortográfica?

Você deve usar o hífen nas seguintes situações:- Quando formar palavras compostas por elementos que requerem união, como guarda-chuva ou segunda-feira.- Em prefixos ligados a palavras que começam com a mesma vogal ou consoante.- Em compostos que indicam negação, repetição ou intensidade, como não-fumante ou pão-de-ló.- Quando a combinação reforça significado específico ou evita ambiguidades.

3. O hífen é usado em palavras estrangeiras incorporadas ao português?

Depende. Algumas palavras mantêm o hífen na sua formação original, especialmente se fazem parte de nomes compostos ou marcas. Contudo, muitas palavras estrangeiras ou de origem estrangeira passam a seguir as regras da ortografia portuguesa, podendo ou não levar hífen, dependendo do caso.

4. Como saber se devo colocar hífen em um composto específico?

O ideal é consultar fontes atualizadas, como a Academia Brasileira de Letras ou o acordo ortográfico vigente. Além disso, o uso de dicionários e gramáticas confiáveis é fundamental para garantir a aplicação correta das regras.

5. O hífen deve ser usado em nomes compostos de pessoas, como "Maria Clara" ou "João Pedro"?

Não. Nomes compostos de pessoas geralmente não levam hífen, a menos que estejam oficialmente registrados assim ou façam parte de uma marca ou nome próprio que use hífen.

6. Como o hífen influencia na divisão de palavras no final de uma linha?

Quando uma palavra precisa ser dividida no final de uma linha, a regra geral é dividir entre as sílabas. O hífen pode ser utilizado para indicar a continuidade da palavra na próxima linha e evitar ambiguidades, conforme regras de divisão silábica.


Referências

  • Acadêmica Brasileira de Letras. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Brasileira, 2020.
  • Academia das Ciências de Lisboa. A Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Lisboa: Lisboa Editora, 2019.
  • Real Academia Española. Ortografía de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 2015.
  • Ministério da Educação. Manual de redação oficial. Brasília: MEC, 2021.
  • Souza, Maria das Graças. Ortografia da Língua Portuguesa: Regras e Exemplos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.

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