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Oxum: A Deusa das Águas e da Fertilidade na Umbanda e Candomblé

A espiritualidade afro-brasileira é repleta de figuras divinas que representam diversos aspectos da natureza, da vida e da existência humana. Entre essas figuras, destaca-se Oxum, uma orixá cuja essência está profundamente ligada às águas doces, à fertilidade, à prosperidade e ao amor. Seu culto é diversificado, sendo venerada tanto na tradição do Candomblé quanto na Umbanda, religiões que muitas vezes se entrelaçam e complementam na prática do sagrado em nosso país.

Ao longo deste artigo, explorarei profundamente quem é Oxum, sua origem, seus atributos, representações, mitos e a importância de sua figura na religiosidade afro-brasileira. Meu objetivo é oferecer uma compreensão clara, fundamentada e acessível, promovendo valor e respeito às tradições que honram essa deidade tão importante.

Quem é Oxum: Deusa das Águas e da Fertilidade

Origem e Significado do Nome

Oxum, também grafada como Oshun ou Oxumare em algumas tradições, possui uma origem etimológica que remete às línguas africanas, particularmente ao iorubá, uma das culturas africanas que mais influenciaram a religiosidade no Brasil. Seu nome pode significar a doçura, a iemanjá das águas doces ou a deusa que traz prosperidade. Essa associação com doçura simboliza sua ternura, amor e generosidade.

Simbologia e Atributos

Oxum é considerada a deusa das águas doces, do rio, da fertilidade, do amor, da beleza e da prosperidade. Seus atributos refletem sua ligação com a vida, a criação e a abundância. Algumas de suas características mais relevantes incluem:

  • Águas doces e rios, considerados seu domínio principal
  • Fertilidade, representando o ciclo da vida e a reprodução
  • Beleza e vaidade, refletidas em suas roupas e ornamentos
  • Amor e doçura, atributos associados ao cuidado maternal e afetivo
  • Prosperidade, relacionada à fartura e ao sucesso material

Oxum é vista como uma mãe benevolente e compassiva, que protege seus fiéis e oferece bênçãos de prosperidade e felicidade.

Culto a Oxum na Umbanda e no Candomblé

Oxum no Candomblé

No Candomblé, Oxum é uma das principais orixás femininas, pertencente ao grupo das Águas doces. Sua festividade ocorre geralmente em dezembro ou no calendário específico de cada nação, reforçando sua ligação com o ciclo solar e da natureza.

Aspectos do culto:

  • Rituais de oferendas e festas, muitas vezes realizados às margens de rios ou fontes
  • Uso de velas, flores (especialmente rosa e amarelo), e objetos dourados
  • Cantos, danças e orações que celebram sua beleza, amor e fertilidade
  • Iniciações específicas, simbolizando o vínculo direto com Oxum

Oxum na Umbanda

Na Umbanda, Oxum é uma das principais orixás cultuadas, muitas vezes entrelaçada com entidades espirituais que representam aspectos de sua natureza. Seus atributos são abordados em rituais de cura, prosperidade e amor.

Diferenciais do culto na Umbanda:

  • Sincretismo com santos católicos, como Nossa Senhora das Candeias
  • Uso de imagens, velas e elementos que remetem às águas doces
  • Práticas de oferendas de doces, espelhos, flores e objetos dourados
  • Entidades que representam Oxum atuando como guias espirituais

Sincretismo e Representações Religiosas

O sincretismo é uma característica marcante na religiosidade afro-brasileira. Muitas vezes, Oxum é associada à Nossa Senhora das Candeias, refletindo uma combinação de tradições católicas e africanas. Essa adaptação tem contribuído para sua preservação e celebração em diferentes contextos culturais.

Mitos e Histórias de Oxum

O Mito da Criação e a Origem de Oxum

Segundo as lendas iorubás, Oxum nasceu do rio, como uma deusa que representa as águas doces que alimentam e sustentam a vida. Em algumas versões, ela é considerada filha de Oxalá, o grande deus criador, e irmã de outras orixás masculinos e femininos.

Um mito importante fala sobre a sua origem como uma deusa que trouxe fartura às terras através das águas. Sua doçura e beleza encantaram os povos, tornando-se símbolo de fertilidade e prosperidade.

O Conto da Corrida de Oxum e Iansã

Em um famoso mito, Oxum compete com sua irmã Iansã pela atenção de um rei ou por significações de beleza e poder. Essa narrativa reforça os atributos de beleza, graça e força de Oxum.

Histórias de Proteção e Fé

Muitos fiéis relatam experiências de proteção, cura e prosperidade atribuídas a Oxum, evidenciando seu papel como mediadora e benefactora. Seus devotos acreditam que, ao dedicar Ofertas e realizar orações, recebem sua bênção para superar dificuldades financeiras, problemas de saúde ou relacionamentos.

Como Honorá-la: Ritualísticas e Oferendas

Elementos e símbolos de Oxum

ElementoSignificadoDescrição
Água docepurificação, vida, fertilidadeRituais realizados às margens de rios ou com água
Frutas docesprosperidade, doçuraComo mamão, uvas, abacaxi, mel
Velas douradas e amarelasbrilho, prosperidade, energiaAcendidas em altares e durante as festas
Espelhosreflexão, beleza, autoamorUtilizados em orações e oferendas
Ouro e floresriqueza, beleza, reverênciaOrnamentos, roupas, flores amarelas e rosas

Rituais comuns para Oxum

  1. Oferenda de doces e frutas: apostando na doçura e prosperidade
  2. Banho de limpeza: com água energética, muitas vezes com flores
  3. Velas e incensos: aromáticos, acesos durante orações e pedidos
  4. Missas e festas: realizadas em datas específicas, como dia 8 de dezembro
  5. Rezas e cânticos: para pedir proteção, amor e saúde

A importância da fé e do respeito

Ao homenagear Oxum, é fundamental que os praticantes mantenham o respeito às tradições e às entidades espirituais. A prática deve ser feita com intenção pura, venerando seus atributos de fertilidade, amor e prosperidade.

Conclusão

Oxum é uma das figuras mais adoradas na religiosidade afro-brasileira, simbolizando a doçura, a fertilidade, a beleza e a prosperidade. Sua presença é marcante tanto no Candomblé quanto na Umbanda, onde suas histórias, símbolos e rituais contribuem para a preservação de uma cultura rica e diversa. A deusa das águas doces inspira fé, esperança e gratidão, sendo uma verdadeira fonte de força e proteção para seus fiéis.

Ao conhecer melhor Oxum, aumentamos nosso entendimento sobre a complexidade e a riqueza das tradições africanas que formam parte fundamental da identidade brasileira.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quem é Oxum na religião afro-brasileira?

Oxum é uma orixá que representa as águas doces, a fertilidade, o amor e a prosperidade. Ela é considerada uma mãe benevolente que traz doçura, beleza e fartura aos seus devotos. Sua influência é notável tanto no Candomblé quanto na Umbanda, onde é celebrada com respeito e devoção.

2. Quais são as principais festas em homenagem a Oxum?

A festa mais importante de Oxum costuma ocorrer no dia 8 de dezembro, comemorando a sua conexão com o solstício de verão e as águas doces. Em diversas regiões do Brasil, há festejos, missas, rituais e oferendas nas comunidades que cultuam a orixá, especialmente às margens de rios e fontes.

3. Quais símbolos representam Oxum?

Alguns símbolos tradicionais de Oxum incluem água doce, vasos de ouro, espelhos, flores amarelas e rosas, velas douradas e objetos de ouro. Esses elementos reforçam sua conexão com a prosperidade, beleza e fertilidade.

4. Como se deve oferecer homenagem a Oxum?

As homenagens podem incluir oferendas de doces, frutas, velas douradas, água, flores e objetos relacionados à prosperidade. Os rituais muitas vezes envolvem orações, cânticos, danças e banhos de limpeza. É importante sempre agir com respeito, intenção sincera e humildade.

5. Qual a relação entre Oxum e Nossa Senhora das Candeias?

Na prática do sincretismo religioso, Oxum muitas vezes é associada à Nossa Senhora das Candeias, devido às suas características de pureza, luz e proteção. Essa associação permitiu que a devoção a Oxum fosse preservada mesmo diante da reprimenda às religiões de matriz africana.

6. Como Oxum é representada artisticamente?

Oxum é frequentemente retratada como uma mulher bonita, com cabelos longos, vestida com roupas amarelas ou douradas, adornada com joias de ouro e flores. Imagens a mostram ao lado de rios, segurando espelhos ou ofertando doces, simbolizando sua doçura e beleza.

Referências

  • Caldeira, E. (1999). Religiosidade Afro-brasileira: Candomblé e Umbanda. São Paulo: Editora Brasilense.
  • Stewart, J. (2004). Orixás: Deuses da Natureza e da Vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
  • Deleau, R. (2010). Iconografia e Cultura das Orixás. São Paulo: Edusp.
  • Gonçalves, R. (2015). A representação de Oxum na Arte Pop Brasileira. Revista Afro-Brasileira, v. 2, n. 4.
  • Religiões de Matriz Africana no Brasil: Tradições, Rituais e Significados. (2020). Ministério da Cultura e Ministério da Educação.

Nota: A compreensão de Oxum se desenvolve continuamente à medida que novas experiências e descobertas acontecem dentro das comunidades de fé. Respeito, estudo e gratidão são essenciais na trajetória de quem deseja conhecer essa deidade tão significativa.

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