Na riqueza da língua portuguesa, há diferentes recursos que podemos utilizar para tornar nossa comunicação mais clara, expressiva e adequada ao contexto. Um desses recursos é o pleonasmo, figura de linguagem que muitas vezes gera dúvidas ou é considerado um vício de linguagem por alguns e uma ferramenta para reforçar ideias por outros. No entanto, compreender o que é o pleonasmo, como usá-lo corretamente e quais são os seus exemplos mais comuns é fundamental para aprimorar nossa escrita e oralidade.
Neste artigo, quero explorar de forma extensa e clara o conceito de pleonasmo, suas diferenças entre usos corretos e incorretos, além de fornecer exemplos ilustrativos para que você possa identificar e empregá-lo de forma consciente na sua comunicação. Vamos desvendar as nuances dessa figura de linguagem e aprender a utilizá-la de maneira eficiente na língua portuguesa.
O que é Pleonasmo?
Definição de Pleonasmo
Pleonasmo é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma ideia ou de um termo, com o objetivo de reforçar uma mensagem ou dar ênfase a uma expressão. Essa repetição pode acontecer de diversas formas, seja com palavras redundantes dentro de uma mesma frase ou com expressões que, embora pareçam desnecessárias, têm sua função estilística ou comunicativa.
Segundo a Academia Brasileira de Letras, pleonasmo é definido como "uso de palavras redundantes, que reforçam uma ideia já implícita na oração, sem acrescentar conteúdo novo". No entanto, na prática, há diferenças entre pleonasmos considerados corretos e aqueles considerados erro de linguagem.
Diferença entre Pleonasmo Para Uso Correto e Incorreto
Pleonasmo vicioso ou incorreto: é aquele que não traz nenhuma vantagem comunicativa e é considerado redundância desnecessária, muitas vezes prejudicando a clareza do texto. Exemplo: "Subir para cima" ou "entrar para dentro".
Pleonasmo estilístico ou correto: é utilizado de forma intencional para reforçar uma ideia, criar efeito de ênfase ou estilo na linguagem. Exemplo: "Pois ele é um homem honesto e íntegro". Aqui, homem honesto já implica certas qualidades, e o uso de íntegro reforça essa característica.
Finalidade do Pleonasmo na Comunicação
O pleonasmo, quando bem empregado, pode servir para:
- Enfatizar uma informação importante.
- Dar ritmo ou estilo à narrativa.
- Reforçar uma ideia de forma estética.
Por outro lado, o uso inadequado, sem intenção ou necessidade, pode levar à redundância desnecessária, prejudicando a clareza e a elegância do discurso.
Exemplos de Pleonasmo na Língua Portuguesa
Exemplos Comuns de Pleonasmo Correto (Estilístico)
- Subir para cima
- Entrar para dentro
- Sair para fora
- Prever antes
- Repetir novamente
- Dedicar-se inteiramente
- Aumentar ainda mais
- Descer para baixo
Nesses exemplos, nota-se que a redundância é usada com a intenção de ênfase ou estilística. Muitas dessas expressões são tão comuns no português cotidiano que seu uso é aceitável e até esperado em certos contextos informais.
Exemplos de Pleonasmo Incorreto (Vicioso)
- El círculo redondo (círculo já implica redondo)
- Plano plano
- Subir para cima (redundante ao querer reforçar, embora seja comum)
- Grito berro
- Entrar para dentro
Esses exemplos representam redundâncias desnecessárias, pois os termos indicam a mesma ideia sem necessidade de reforço.
Tabela de Exemplos de Pleonasmo
| Pleonasmo Correto (Estilístico) | Uso | Comentário |
|---|---|---|
| Subir para cima | Reforço de movimento | Usado para ênfase, comum na fala. |
| Prever antes | Confirmar a antecipação | Reforça a ideia de antecipação. |
| Repetir novamente | Aumenta a ênfase na repetição | Pode ser considerado redundante, mas aceita em linguagem coloquial. |
| Pleonasmo Incorreto (Vicioso) | Uso | Comentário |
|---|---|---|
| Círculo redondo | Categoria de redundância | "Círculo" já implica redondo. |
| Plano plano | Repetição desnecessária | Redundante sem efeito estilístico. |
| Subir para cima | Redundância inútil | Palavras equivalentes. |
Citações Relevantes
Segundo Celso Pedro Luft, “a redundância, quando utilizada com intenção estética, pode se transformar em recurso estilístico.” Portanto, o uso de pleonasmos deve ser pensado para que não seja apenas uma repetição vazia, mas uma ferramenta para enriquecer a expressão.
Uso Correto do Pleonasmo na Língua Portuguesa
Quando o Pleonasmo é Aceitável ou Necessário
Apesar de muitas pessoas considerarem o pleonasmo como um vício de linguagem, há casos em que o seu uso é permitido, seja por questões estilísticas ou por motivos de clareza na comunicação. Alguns exemplos incluem:
- Enfatizar uma ideia importante: ao querer reforçar uma característica, o uso do pleonasmo pode ajudar a destacar uma informação.
- Na linguagem poética ou literária: autores frequentemente usam pleonasmos para criar ritmo, musicalidade ou efeito emocional.
- Em discursos e textos jornalísticos: o reforço de uma afirmação pode ser feito por meio do pleonasmo, para garantir que a mensagem seja transmitida com maior impacto.
Exemplos de Uso Correto ou Aceitável
- “Ele é um homem honesto e íntegro.” — Aqui há uma repetição de atributos que reforçam a confiança na integridade do indivíduo.
- “Subir para cima” — no uso cotidiano, reforça a direção do movimento.
- “Luz brilhante” — reforça a intensidade da luz, embora possa ser considerada redundante em contextos formais.
Como Evitar Pleonasmos Viciosos
Para manter a clareza e elegância na comunicação, é importante aprender a evitar pleonasmos desnecessários. Algumas dicas:
- Reflita sobre a necessidade do reforço: o que você deseja destacar? Essa ênfase justifica o uso do pleonasmo?
- Leia e revise seus textos: identifique redundâncias que não acrescentam nada à mensagem.
- Prefira a expressão direta e objetiva: elimine palavras que rep item a ideia sem efeito estilístico.
Dicas para Usar Pleonasmos Eficientemente
- Use prazerosamente em textos literários ou na fala coloquial.
- Utilize para criar ritmo ou aumentar a força emocional do discurso.
- Seja consciente do contexto para não prejudicar a compreensão.
Conclusão
Neste artigo, explorei o conceito de pleonasmo, uma figura de linguagem bastante presente na língua portuguesa. Aprendi que o pleonasmo consiste na repetição de ideias ou termos e que seu uso pode variar entre uma ferramenta estilística válida e um vício de linguagem, dependendo do contexto e da intenção do falante ou escritor.
Entendi que, quando bem empregado, o pleonasmo contribui para reforçar e dar ênfase a uma mensagem, além de enriquecer o ritmo e a estética do texto. No entanto, é preciso cuidado para evitar redundâncias viciosas que possam prejudicar a clareza ou a concisão da comunicação.
Ao dominar o uso do pleonasmo, você passa a ter uma ferramenta poderosa para ajustar o tom, ritmo e impacto da sua linguagem, seja na fala ou na escrita. Lembre-se sempre de que o bom uso da linguagem exige reflexão, atenção e sensibilidade para o contexto.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. O pleonasmo é considerado um erro de português?
Resposta: Nem sempre. O pleonasmo, na sua forma estilística e consciente, é uma figura de linguagem aceita e até valorizada na literatura e na retórica. No entanto, pleonasmos viciosos ou desnecessários são considerados erros ou redundâncias a serem evitadas, especialmente em textos formais.
2. Como identificar se um pleonasmo é válido ou vicioso?
Resposta: A distinção depende da intenção de reforçar uma ideia ou simplesmente redundar sem sentido. Pergunte-se: esse recurso melhora a mensagem ou serve apenas para repetir informação sem necessidade? Se for para ênfase, ele é válido; se for apenas redundância, deve ser evitado.
3. Há diferenças entre pleonasmo e other figuras de linguagem como a ênfase ou a repetição?
Resposta: Sim. O pleonasmo é uma figura que envolve redundância, geralmente com objetivo de reforçar. A ênfase pode ser obtida por outros recursos, como a repetição intencional, o uso de palavras de destaque ou recursos estilísticos diferentes. A repetição, por si só, também pode ser uma figura de linguagem válida, distinta do pleonasmo.
4. É correto usar o pleonasmo na escrita formal?
Resposta: De modo geral, o uso de pleonasmos deve ser evitado em textos acadêmicos e formais, a não ser que tenham um propósito estilístico ou reforcem a mensagem de forma consciente. Em literatura ou discursos mais livres, seu uso pode ser mais flexível.
5. Como evitar pleonasmos desnecessários ao escrever?
Resposta: Faça revisões cuidadosas, questione a necessidade de cada palavra e prefira expressões claras e objetivas. Leia seu texto em voz alta para identificar redundâncias e substitua por termos mais precisos, quando possível.
6. Existe um limite para o uso de pleonasmos na língua portuguesa?
Resposta: Não há um limite fixo, mas o bom senso e a adequação ao contexto são essenciais. O uso excessivo de pleonasmos incessantemente pode prejudicar a clareza e a elegância da sua comunicação. Use-os com moderação e estratégia.
Referências
- Luft, Celso Pedro. Redundância e Repetição na Língua Portuguesa. Editora Contexto, 2005.
- Câmara, Marcos Bagno. Português Falado e Escrito. Parábola Editorial, 2018.
- Academia Brasileira de Letras. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Disponível em: https://www.abrap.org.br/
- Pound, Ezra. A linguagem poética. Tradução de Maria Lucia Godoy, Editora Moderna, 1974.
- Brasil. Ministério da Educação. Manual de Redação Oficial. Brasília, 2019.