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Preterito Imperfecto de Subjuntivo: Como Usar Corretamente em Português

A língua portuguesa é rica em tempos verbais e modos que expressam diferentes nuances de significado, possibilidades, hipóteses e desejos. Entre esses, um dos aspectos mais desafiadores e igualmente fascinantes é o uso do Preterito Imperfecto de Subjuntivo. Para estudantes e falantes de português, compreender quando, como e por que utilizar esse tempo verbal é fundamental para uma comunicação mais fluida, correta e elegante.

Neste artigo, vou explorar de forma aprofundada o Preterito Imperfecto de Subjuntivo, abordando suas funções, formação, uso em diferentes contextos e exemplos práticos. Meu objetivo é fornecer uma compreensão clara e acessível, que possa auxiliar tanto estudiosos de linguística quanto alunos do ensino fundamental, médio ou superior, além de profissionais que desejam aprimorar sua escrita formal.

Vamos embarcar nessa jornada pelo universo do modo subjuntivo no passado, desmistificando suas aplicações e destacando sua importância na expressão de hipóteses, desejos, dúvidas e ações não concretizadas. Acreditando que o conhecimento se constrói por meio de exemplos e explicações didáticas, prepararei uma abordagem completa e didática para que você domine esse tempo verbal.

O que é o Preterito Imperfecto de Subjuntivo?

O Preterito Imperfecto de Subjuntivo é uma forma verbal utilizada, sobretudo, para expressar ações hipotéticas, desejos, possibilidades ou condicionalidades que ainda não ocorreram, no passado ou no presente, dependendo do contexto.

Definição: É o modo verbal que indica uma ação que é, ou foi, considerada incerta, duvidosa ou dependente de outra ação, no passado ou na condição. Ele é usado em orações subordinadas, geralmente ligadas a verbos que exprimem vontade, emoção, dúvida, opinião, hipótese ou condição.

Características principais do Preterito Imperfecto de Subjuntivo:

  • Forma verbal: termina em -asse, -esse, ou -isse na maior parte dos verbos, dependendo da conjugação.
  • Contexto de uso: geralmente aparece em orações subordinadas que dependem de uma oração principal indicando uma condição, desejo, dúvida ou hipótese.
  • Temporalidade: pode referir-se a uma ação situada no passado, ou a um presente ou futuro hipotético, dependendo da estrutura da frase.

Como formar o Preterito Imperfecto de Subjuntivo

A formação do Preterito Imperfecto de Subjuntivo é relativamente regular, embora existam variações e formas mais antigas ou menos frequentes.

Forma padrão de formação:

Para conjugarmos corretamente, seguimos estas regras:

VerboRaiz (para formar)Terminações
1ª conjugação (-ar)fal--asse, -asses, -asse, -ássemos, -assem
2ª conjugação (-er)com--esse, -esses, -esse, -êssemos, -essem
3ª conjugação (-ir)part--isse, -isses, -isse, -íssemos, -issem

Exemplos com verbos comuns:

VerboFormaExemplo
falareu falasseSe eu falasse mais devagar, poderia entender melhor.
comertu comessesCaso tu comesses mais fruta, ficaria mais saudável.
partirela partisseSe ela partisse agora, chegaria mais cedo.

Observações importantes:

  • Algumas formas também podem ser encontradas na literatura ou na linguagem formal, mas a forma padrão para uso cotidiano é a apresentada acima.
  • Há também formas menos comuns no português falado cotidiano, como as formas do mais-que-perfeito do subjuntivo (ex.: tivesse, fosse), que estão relacionadas às raízes do imperfecto de subjuntivo.

Como verificar a raiz do verbo:

Para formar corretamente o imperfecto de subjuntivo, identifico a raiz do verbo na terceira pessoa do plural do passado do indicativo (pretérito perfeito). Por exemplo:

  • falar — they falaram — raiz: fal- → eu falasse
  • comer — they comeram — raiz: com- → tu comesses
  • partir — they partiram — raiz: part- → ela partisse

Funções do Preterito Imperfecto de Subjuntivo

O uso do Preterito Imperfecto de Subjuntivo é bastante versátil na língua portuguesa. A seguir, apresento suas principais funções, com exemplos ilustrativos.

1. Expressar Hipóteses e Condições no Passado

Uma das funções mais clássicas do imperfecto de subjuntivo é indicar hipóteses ou condições que poderiam ter acontecido, no passado, sob determinada circunstância.

Exemplo:

Se eu ganhasse na loteria, viajaria pelo mundo.

Aqui, a condição de ganhar na loteria é hipotética e, possivelmente, não aconteceu.

2. Indicar Desejos ou Evitar Que Algo Aconteça

Quando expressamos desejos no passado ou situações que gostaríamos que ocorrerem, usam-se esse tempo verbal para dar uma nuance de subjetividade e dependência.

Exemplo:

Queria que você estivesse aqui comigo.

3. Sinalizar Dúvidas, Incertezas ou Probabilidades no Passado

O imperfecto de subjuntivo também transmite dúvida ou dúvida sobre ações passadas ou condições não verificadas.

Exemplo:

Não sabia se ela viesse ou não.

4. Usado em Orações Subordinadas Após Verbos de Desejo, Emoção, Dúvida, Pedido ou Sentimento

Essa é a aplicação mais comum do tempo verbal.

Exemplo:

Espero que tu fizesse a sua parte.

5. Indicar Ações Habitualmente Não Concretizadas no Passado

Para relatar ações que eram contínuas ou habituais no passado, mas que não ocorreram.

Exemplo:

Quando éramos jovens, sonhávamos em viajar pelo mundo.

6. Nas Orações Condicionais e Concessivas

O imperfecto de subjuntivo é utilizado em orações subordinadas que indicam condições ou concessões.

Exemplo:

Se ele estivesse aqui, tudo seria diferente.

Embora ela quisesse ajudar, não podia.

Funções resumidas em tabela

FunçãoExemplos
Hipótese ou condição no passadoSe eu estudasse mais, passaria na prova.
Desejo ou intençãoQueria que você viesse à festa.
Dúvida ou incertezaNão achei que ela fosse embora.
Após verbos de vontade/emozãoEspero que ele chegasse cedo.
Ações habituais não concretizadasQuando era criança, sonhava com ser astronauta.
Condição ou concessãoMesmo que chovesse, iríamos ao parque.

Diferenças entre o Preterito Imperfecto de Subjuntivo e outros tempos verbais

Confundir tempos verbais é comum, especialmente com formas de subjuntivo. Para ajudar a esclarecer, veja as principais diferenças:

Tempo verbalUso principalExemplo
Preterito Imperfecto de SubjuntivoHipóteses, desejos, dúvidas, condicionalidade no passado ou presenteSe eu falasse mais claramente, ninguém teria entendido.
Presente de SubjuntivoDesejos, hipóteses no presente ou futuroEspero que ele venha amanhã.
Futuro do SubjuntivoAções futuras condicionadasQuando ele chegar, vamos sair.
Pretérito Perfeito de SubjuntivoAções concluídas no passado com valor condicional ou subjetivoApesar de ele ter saído cedo, não apareceu.

Importância no uso formal e na escrita

Apesar de muitas pessoas usarem o indicativo em situações onde seria mais adequado utilizar o subjuntivo, sua utilização correta confere maior formalidade, elegância e precisão à comunicação. Especialmente em textos acadêmicos, oficiais ou formais, o uso do Preterito Imperfecto de Subjuntivo é essencial para transmitir hipóteses e nuances de modo adequado.

Por exemplo:

  • Incorreto: Se eu tinha tempo, ia ao cinema.
  • Correto: Se eu tivesse tempo, iria ao cinema.

O uso adequado demonstra domínio da norma culta da língua.

Conclusão

O Preterito Imperfecto de Subjuntivo é um tempo verbal fundamental na língua portuguesa, cuja importância vai além da simples conjugação. Ele permite que expressões de hipóteses, desejos, dúvidas e condicionalidades sejam feitas de maneira mais precisa e elegante, especialmente em contextos formais, acadêmicos e na narrativa de ações passadas ou hipotéticas.

Compreender suas formas de formação, funções e diferenças em relação a outros tempos do modo subjuntivo é crucial para aprimorar nossa comunicação escrita e oral. Além disso, o uso correto desse tempo demonstra cuidado e domínio da norma culta da língua portuguesa, evidenciando credibilidade e sofisticação na expressão.

Praticar exemplos, ler textos bem escritos e revisar as regras de conjugação são passos essenciais para consolidar esse conhecimento. Com dedicação e atenção, o Preterito Imperfecto de Subjuntivo se torna uma ferramenta valiosa em seu repertório linguístico.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quando devemos usar o Preterito Imperfecto de Subjuntivo?

Devemos usar o Preterito Imperfecto de Subjuntivo quando quisermos expressar hipóteses, desejos, dúvidas, condições ou ações não realizados no passado, ou mesmo em construções que indicam possibilidades futuras dependentes de uma condição passada. É comum em orações subordinadas que requerem o modo subjuntivo com valor condicional ou hipotético.

2. Como distinguir o Preterito Imperfecto do Indicativo?

O Preterito Imperfecto do Indicativo é usado para ações habituais ou contínuas no passado, sem o sentido de hipótese ou subjetividade. Por exemplo:

  • Imperativo (Indicativo): Quando eu falava com ela, ela sorria.
  • Imperfeito de Subjuntivo: Se eu falasse com ela, ela sorria.

A diferença está na intenção de cada oração: uma declara uma ação habitual e a outra uma hipótese ou condição.

3. Qual a diferença entre o Preterito Imperfecto e o Mais-que-perfeito de Subjuntivo?

O Mais-que-perfeito de Subjuntivo indica ações que ocorreram antes de uma outra ação passada, em situações mais formais ou literárias. Sua formação é semelhante ao imperfecto de subjuntivo, mas é mais utilizado em contextos mais formais, especialmente na linguagem escrita.

  • Exemplo de Imperfecto: Se eu falasse...
  • Exemplo de Mais-que-perfeito: Se eu tivesse falado...

4. É possível usar o Preterito Imperfecto de Subjuntivo na linguagem oral?

Sim, mas seu uso é mais frequente na linguagem escrita, formal ou literária. Na fala coloquial, muitas vezes, substituímos por outras formas, como diferentes tempos do modo indicativo, por simplificação.

5. Como praticar a conjugação do Imperfecto de Subjuntivo?

Recomendo estudar tabelas de conjugação, identificar a raiz do verbo na terceira pessoa do plural do passado do indicativo, e praticar com exemplos do cotidiano. Exercícios de gramática e leitura de textos bem escritos também ajudam a fixar.

6. Quais erros comuns ao usar o Preterito Imperfecto de Subjuntivo?

Os erros mais frequentes incluem confundir com o indicativo, usar a forma do indicativo em orações subordinadas que pedem o subjuntivo, ou misturar tempos do modo subjuntivo, como o imperfeito com o mais-que-perfeito. Além disso, a formação irregular de alguns verbos pode causar dificuldades.

Referências

  • Bortolotti, Ana Maria. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Moderna, 2010.
  • Cruz, Maria Helena de Moraes. Gramática Pedagógica do Português. São Paulo: Editora Scipione, 2015.
  • Celso Cunha e Lindley Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 2014.
  • Acadêmicos e professores de Língua Portuguesa. Dicionários de conjugação verbal e sites de referência gramatical confiáveis.
  • Fundação do Priberam. (https://www.priberam.pt/dlpo) — Dicionário online e conjugador de verbos.

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