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Preterito Mais Que Perfeito: Uso, Exemplos e Regras de Gramática

Ao estudar a língua portuguesa, é fundamental compreender os diferentes tempos verbais e suas aplicações para aprimorar a expressão oral e escrita. Entre esses tempos, o pretérito mais-que-perfeito ocupa um papel importante na narrativa, permitindo expressar ações concluídas antes de outros acontecimentos passados. Apesar de seu uso ser considerado mais formal e, muitas vezes, relegado ao uso escrito, seu entendimento é crucial para quem deseja aprofundar o conhecimento gramatical e interpretar textos com maior precisão. Neste artigo, explorarei de forma detalhada o que é o pretérito mais-que-perfeito, suas regras, usos, exemplos e dicas práticas para identificá-lo corretamente.

O que é o pretérito mais-que-perfeito?

Definição e conceito

O pretérito mais-que-perfeito é um tempo verbal do modo indicativo que indica uma ação passada que ocorreu antes de outro fato também passado. Em termos simples, ele expressa uma ação que havia acontecido antes de uma outra no passado.

Por exemplo:- Quando cheguei, ele já tinha saído.- Ela já havia estudado antes de fazer a prova.

Nessa estrutura, o uso do havia mais o verbo principal no particípio indica uma ação anterior a outro momento passado, reforçando a ideia de anterioridade.

Como se forma?

A formação do pretérito mais-que-perfeito no português brasileiro pode variar conforme o modo de conjugação do verbo:- Para verbos regulares na terceira conjugação (-ar, -er, -ir), o pretérito mais-que-perfeito pode ser formado de duas formas principais:

Tipo de verboForma antiga (mais formal e escrita)Forma regular (mais comum no Brasil)
Verbos terminados em -ar, -er, -ir[radical] + -ara, -era, -ira[radical] + -ei, -este, -era, -êramos, -eram

Exemplo:- Falarfalara (forma antiga) ou falara, falaste, falara, falaramos, falaram (forma regular)

  • Para o português brasileiro, o mais comum é usar as formas compostas com tinha ou havia + particípio do verbo principal, especialmente na linguagem oral.

Diferença entre formas simples e compostas

  • Forma simples (forma antiga e literária): usa-se o sufixo -ra, -era, -ira.

Exemplo: - Ele tinha estudado antes de sair. (forma composta) - Ele estudara antes de sair. (forma antiga)

  • Forma composta (mais comum atualmente): usa-se "tinha/havia" + particípio.

Exemplo: - Ela havia comido quando chegou.

Uso do pretérito mais-que-perfeito

Uso principal

O pretérito mais-que-perfeito é usado para indicar uma ação que ocorreu antes de outra ação no passado. Sua aplicação mais comum está na narrativa de eventos passados, contribuindo para estabelecer a ordem cronológica dos fatos.

Exemplos de uso em diferentes contextos

  • Quando cheguei, ela já tinha saído. (ação anterior à chegada)
  • Ele havia terminado o trabalho antes do prazo. (ação anterior a outro evento passado)
  • Nós havíamos estudado bastante antes da prova. (ação anterior a outra passível de referência)

Uso na língua culta e na linguagem formal

Embora o pretérito mais-que-perfeito seja mais frequente na linguagem escrita, sua utilização reforça o grau de formalidade e precisão na comunicação. É comum encontrá-lo em textos literários, jurídicos, acadêmicos, onde a sequência temporal precisa ser estabelecida com maior rigor.

O pretérito mais-que-perfeito na narrativa histórica e literária

Na narrativa, o pretérito mais-que-perfeito é frequentemente utilizado para descrever eventos passados, reforçando a ideia de ações que já estavam concluídas. Por exemplo:

"No tempo em que o rei havia governado a terra, a paz reinava."

Aqui, o tempo verbal reforça que o governo já tinha acontecido antes de um outro evento ou momento narrado.

Diferenças entre pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito

Tempo VerbalUso PrincipalExemplo
Pretérito perfeitoAção concluída no passadoEla estudou para a prova.
Pretérito imperfeitoAção habitual ou em progresso no passadoEla estava estudando quando você ligou.
Pretérito mais-que-perfeitoAção anterior a outra passada, concluída antes do passadoEla havia estudado antes de sair.

Regras de gramática para o uso do pretérito mais-que-perfeito

Regras gerais

  • Deve-se usar o pretérito mais-que-perfeito para indicar uma ação que foi concluída antes de outro evento passado.
  • Em textos formais ou escritos, a forma verbal na terceira pessoa do singular ou plural com o sufixo -ra, -era ou -ira é preferida para uma linguagem mais culta.
  • No português do Brasil, a forma composta (com tinha ou havia + particípio) é mais comum na linguagem falada e escrita informal.

Diferença de uso em português europeu e brasileiro

  • Português europeu: o uso do pretérito mais-que-perfeito na forma simples (ex.: ele falara**) é mais frequente na linguagem formal.
  • Português brasileiro: a forma composta varia mais, sendo mais comum o uso de tinha ou havia + particípio na fala do dia a dia.

Regra de concordância

O verbo na forma mais-que-perfeita deve concordar com o sujeito da oração, assim como nos demais tempos verbais.

Regras de uso com pronomes relativos e conjunções

  • Usa-se o pretérito mais-que-perfeito após conjunções que indicam anterioridade, como quando, antes que, logo que, quando.

Exemplo:- Ele havia saído antes que eu chegasse.

Exemplos práticos do pretérito mais-que-perfeito

Exemplos de frases afirmativas

  1. Ela havia terminado o projeto antes do prazo.
  2. Nós havíamos visitado aquela cidade na infância.
  3. O chefe havia dito que o relatório seria entregue na segunda.

Exemplos de frases negativas

  1. Ele não tinha visto o filme antes de recomendá-lo.
  2. Eles não haviam compreendido o conteúdo da aula anterior.

Exemplos de frases interrogativas

  1. Você havia lido o livro antes da aula?
  2. Ela havia feito a tarefa sozinha?

Uso em textos históricos e literários

"Naqueles dias, os moradores havia construído suas casas com muito esforço." (literatura)

"O governo havia estabelecido novas políticas antes da crise estourar." (texto jornalístico)

Dicas para aprender e aplicar o pretérito mais-que-perfeito

  1. Estude as formas regulares e irregulares: pratique a conjugação dos principais verbos.
  2. Preste atenção ao contexto: identifique se há uma sequência de ações no passado para usar o tempo adequado.
  3. Faça exercícios de leitura e escrita: leia textos narrativos e tente identificar o uso do pretérito mais-que-perfeito.
  4. Utilize recursos visuais: tabelas e esquemas podem facilitar a memorização das conjugações.
  5. Reforce o entendimento com exemplos reais: tente criar suas próprias frases usando o tempo verbal.

Conclusão

O pretérito mais-que-perfeito é um tempo verbal fundamental para quem deseja compreender com profundidade a narrativa de eventos passados na língua portuguesa. Ele possibilita estabelecer uma cadeia temporal clara e precisa, evidenciando ações que ocorreram antes de outras passadas. Sua formação pode variar entre formas simples com sufixos específicos e formas compostas com tinha ou havia, sendo ambas de uso válido, dependendo do registro e do contexto.

Apesar de seu uso ser mais frequente na escrita formal e na literatura, entender suas regras e aplicações enriquece nossa capacidade de expressão e interpretação textual. Assim, dedicar-se ao estudo desse tempo verbal é investir na precisão da comunicação e na compreensão mais profunda do nosso idioma.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O pretérito mais-que-perfeito é usado apenas na linguagem formal?

Não, embora seja mais comum na linguagem escrita formal, o pretérito mais-que-perfeito também aparece na linguagem falada, especialmente na forma composta com tinha ou havia, bastante utilizada no português brasileiro cotidiano.

2. Como identificar o pretérito mais-que-perfeito em uma frase?

Procure por ações que indicam uma ocorrência anterior a outro fato passado. Geralmente, a frase conterá formas como havia, havia feito, havia estudado, ou verbos terminados em -ara, -era, -ira na forma simples, dependendo da variedade de português.

3. É possível usar o pretérito mais-que-perfeito na fala do dia a dia?

Sim, especialmente na forma composta com tinha ou havia, como em "Eu já tinha visto esse filme" ou "Ela já havia saído quando cheguei". Ainda assim, seu uso pode soar mais formal ou literário em algumas regiões.

4. Quais são os principais verbos irregulares no pretérito mais-que-perfeito?

Verbos irregulares podem variar, mas exemplos comuns incluem:- Serfora ou fora na forma antiga- Verviera ou viera- Dardara ou derá

É importante consultar tabelas de conjugação para verificar as formas corretas de cada verbo.

5. Qual o significado do pretérito mais-que-perfeito em relação aos outros tempos passados?

Ele indica uma ação que aconteceu antes de uma outra ação passada, reforçando a ideia de anterioridade e sequencia cronológica na narrativa de eventos.

6. Como aprender as formas do pretérito mais-que-perfeito de forma prática?

Recomendo a prática constante através de exercícios, leitura de textos que utilizem esse tempo verbal, e a criação de suas próprias frases. O uso regular facilitará a compreensão e a memorização das conjugações e regras de aplicação.

Referências

  • Acadêmica de Língua Portuguesa. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Atual, 2020.
  • Celso Pedro Luft. Gramática Descritiva do Português Contemporâneo. São Paulo: Editora Ática, 2007.
  • Maria Helena de Moura Neves. Gramática Humbolt. São Paulo: Moderna, 2018.
  • Fundação Biblioteca Nacional. Portal Domínio Público. Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br
  • Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa

Espero que este artigo tenha contribuído para aprofundar seu entendimento sobre o pretérito mais-que-perfeito, tornando-o mais confiante na aplicação adequada desse tempo verbal.

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