Na língua portuguesa, a compreensão do papel de certas palavras é fundamental para o uso correto do idioma. Entre esses termos, destacam-se o "que" e o "ora", que desempenham papéis importantes tanto como conjunções integrantes quanto como pronomes relativos. Apesar de serem palavras comuns na linguagem do dia a dia, seu uso adequado é frequentemente motivo de dúvidas e confusões.
A distinção entre conjunção integrante e pronome relativo é essencial para uma comunicação clara e gramaticalmente correta. Conhecer as diferenças, bem como as situações em que cada uma dessas funções é empregada, contribui para a construção de textos mais coesos e articulados.
Neste artigo, abordarei de forma aprofundada as funções do "que" e do "ora" na língua portuguesa, destacando suas características, usos e diferenças. Meu objetivo é oferecer uma explicação acessível, mas rigorosa, para que estudantes e interessados possam compreender de forma clara essas questões gramaticais que muitas vezes geram dúvidas e inseguranças.
Vamos explorar, inicialmente, o conceito de conjunção integrante e de pronome relativo, para entender quando cada um deles é utilizado, e também analisar exemplos práticos que esclarecem essas funções. Ao final, apresentarei uma seção de perguntas frequentes para sanar as dúvidas mais comuns sobre o tema.
Preparado para aprofundar seu conhecimento na gramática portuguesa? Então, vamos começar!
Que, Ora: Conjunção Integrante e Pronome Relativo na Língua Portuguesa
O que é uma conjunção integrante?
Conjunções são palavras que conectam orações ou termos dentro de uma frase, estabelecendo relações de sentido. Entre elas, as conjunções integrantes têm o papel de introduzir orações subordinadas substantivas, aquelas que desempenham a função de um substantivo na oração.
A conjunção integrante mais comum em português é o "que". Ela funciona como uma ponte entre uma oração principal e uma oração subordinada, trazendo informações adicionais, complementares ou essenciais ao sentido.
Exemplo:
Disse que viria amanhã.
Na frase acima, "que" introduz uma oração subordinada ("que viria amanhã") que funciona como o objeto direto do verbo "disse". Nessa função, o "que" é uma conjunção, não um pronome. Ela não representa um termo na frase, mas sim conecta duas ideias.
O que é um pronome relativo?
Pronomes relativos são palavras que unem duas orações, estabelecendo uma relação de referência entre elas. Eles substituem ou acompanham um termo já mencionado na oração anterior, estabelecendo uma ligação de sentido.
No português, o "que" também funciona como pronome relativo, ligando uma oração subordinada à sua antecedente, e substituindo um substantivo ou expressão.
Exemplo:
O livro que estou lendo é interessante.
Nessa frase, "que" é um pronome relativo que retoma o termo "livro", presente na oração anterior, e introduz a oração subordinada ("que estou lendo"). Ele funciona, assim, como um elemento de referência, conectando as duas partes da frase.
Diferenças essenciais entre "que" como conjunção integrante e pronome relativo
Características | Conjunção Integrante ("que") | Pronome Relativo ("que") |
---|---|---|
Função | Introduz oração subordinada substantiva | Liga uma oração subordinada à sua antecedente |
Substituição | Não substitui termo, conecta orações | Substitui ou acompanha um termo já mencionado |
Exemplos de uso | Disseram que irão viajar. | O carro que comprei é novo. |
Tipo de oração que introduz | Substantiva (oração que funciona como sujeito, objeto, etc.) | Referencial (relaciona termos na oração) |
Forma de identificação | Geralmente, é uma palavra invariável usada na ligação entre orações | Pode variar de acordo com o antecedente e o contexto |
Como identificar o uso de "que" como conjunção ou pronome?
A identificação correta depende principalmente do papel que o "que" desempenha na frase.
- Quando o "que" introduz uma oração que funciona como sujeito, objeto ou núcleo de uma oração subordinada, trata-se de uma conjunção integrante.
- Quando o "que" retoma um termo anterior, substituindo ou relacionando esse termo, é um pronome relativo.
Exemplo de conjunção integrante:
Ela acredita que tudo dará certo.
(Aqui, "que tudo dará certo" é uma oração subordinada substantiva, sendo "que" uma conjunção.)
Exemplo de pronome relativo:
A mulher que está lá é minha tia.
(Nesse caso, "que" retoma o termo "mulher" e faz a ligação entre a antecedente e a oração subordinada.)
O papel do "ora" na língua portuguesa
O "ora" é uma palavra que, embora seja frequentemente vista como uma conjunção ou advérbio, possui funções específicas:
- Como advérbio de tempo: indica uma oportunidade ou momento específico. Exemplo:
Ora, vamos começar a aula.
- Como conjunção adversativa ou de passagem: introduz comentários ou mudanças de ideia, dependendo do contexto.
Entretanto, o foco principal do nosso estudo será o "que", por sua maior relevância na distinção entre funções de conjunção integrante e pronome relativo.
Importância do entendimento adequado na prática pedagógica
Compreender essas distinções é essencial não apenas para o domínio teórico da gramática, mas também para a elaboração e interpretação de textos escritos e orais. A correta utilização de "que" e "ora" evita ambiguidades e garante a coesão do discurso.
Vamos, agora, aprofundar cada uma dessas funções com exemplos e exercícios que facilitarão o entendimento.
O uso de "que" como conjunção integrante
Características e funções
Como mencionado anteriormente, "que" pode introduzir orações subordinadas substantivas, exercendo funções diversas na estrutura da frase, como:
- Sujeito: "Que ele venha é importante."
- Objeto direto: "Disseram que a reunião foi cancelada."
- Complemento de nomes: "A esperança de que tudo melhore é fundamental."
- Objeto indireto: "Ela gosta de que todos participem."
Exemplos práticos
- Expressando ideias necessárias na oração:
Acredito que farei um bom trabalho.
(A oração subordinada "que farei um bom trabalho" funciona como objeto direto do verbo "acredito".)
- Indicação de certeza ou dúvida:
Não sei que motivos ela tem para agir assim.
(Introduz uma oração subordinada substantiva, que expressa a dúvida.)
Expressões idiomáticas com "que":
Por que não veio? (Expressão interrogativa, mas com "que" como conjunção integrante.)
Regras de uso
- Quando usar "que" como conjunção integrante?
- Quando a oração subordinada funciona como sujeito, objeto ou complemento da oração principal.
- Quando a frase indica uma ideia, fato ou conteúdo que depende da oração subordinada.
Exemplo em tabela:
Frase | Identificação | Papel do "que" |
---|---|---|
Ela disse que viria. | Oração subordinada substantiva | Conjunção integrante introduzindo objeto direto |
É importante que você participe. | Oração subordinada substantiva | Conjunção integral, sujeitando a construção |
Exercícios de fixação
- Identifique se o "que" em cada frase é uma conjunção integrante ou pronome relativo.
a) Ela afirma que terminou o projeto.
b) O livro que comprei ontem é ótimo.
Respostas:
a) Conjunção integrante
b) Pronome relativo
- Complete as frases com "que" adequado:
a) Não entendo ___ você quer dizer.
b) O filme ___ assisti ontem foi ótimo.
Respostas:
a) o que
b) que
Importância na elaboração de textos acadêmicos e formais
A utilização adequada de "que" como conjunção integrante evita ambiguidades e garante a clareza das ideias. Em textos acadêmicos, por exemplo, a precisão na conexão de ideias através de orações subordinadas reforça a coesão e coerência textual.
O uso de "que" como pronome relativo
Características e funções
O "que" como pronome relativo é utilizado para retomar ou substituir um termo anterior, estabelecendo uma relação de referência e acrescentando informações.
Principais funções:
- Substituir um termo já mencionado, evitando repetições.
- Conectar orações subordinadas de maneira referencial.
- Especificar ou definir um termo antecedente.
Exemplos e análise
- Retomada do termo antecedente:
O carro que comprei é vermelho.
(Aqui, "que" retoma o termo "carro" e introduz uma oração subordinada que descreve ou especifica o carro.)
- Relacionamento entre termos:
A cidade onde nasci é pequena.
(No caso, "onde" é uma variação de "que", indicando lugar. Para o "que", a frase poderia ser: "A cidade que me viu nascer é pequena.")
- Especificação de alguém ou algo:
A pessoa que te ajudou foi minha amiga.
(O "que" retoma "pessoa" e acrescenta uma informação adicional.)
Exemplos adicionais
Frase | "Que" como pronome relativo | Termo que retoma |
---|---|---|
O cachorro que latiu assustou as pessoas. | Sim | "cachorro" |
O filme que assistimos ontem foi emocionante. | Sim | "filme" |
A oportunidade de que tanto falamos chegou. | Sim | "oportunidade" |
Diferença entre "que" como pronome relativo e conjunção integrante
Situação | "Que" como pronome relativo | "Que" como conjunção integrante |
---|---|---|
Função | Retoma termo anterior | Introduz oração subordinada substantiva |
Exemplo | O livro que li é interessante. | Disse que viria mais tarde. |
Elemento conectivo | Substitui ou acompanha termo antecedente | Liga oração principal a subordinada |
Como identificar "que" como pronome relativo?
- Quando "que" retoma um termo já mencionado na frase ou no contexto.
- Quando há uma oração subordinada que fornece uma descrição ou especificação do termo antecedente.
- Quando "que" é imediatamente seguido de verbo, admitindo uma relação de referência.
Exemplo:
A garota que ganhou o prêmio é minha amiga.
(Resumidamente, "que" retoma "garota" e introduz uma oração que fornece uma informação adicional.)
Exercícios de fixação
- Identifique o papel de "que" em cada frase:
a) A famosa atriz que veio à cidade é muito simpática.
b) Falei que você deveria fazer a lição.
Respostas:
a) Pronome relativo
b) Conjunção integrante
- Complete com "que" ou "quem" conforme o caso:
a) A professora ___ ensina matemática é muito dedicada.
b) O homem ___ apareceu na porta é meu tio.
Respostas:
a) que
b) que / quem (dependendo do contexto, pode usar ambos)
Dúvidas comuns sobre o "que" na função de pronome relativo
"Que" pode representar pessoas, objetos, lugares ou ideias?
Sim. Como pronome relativo, "que" é bastante versátil e pode substituir pessoas ou coisas, dependendo do contexto.Posso usar "que" com preposições?
Sim. Em certos casos, o "que" é usado após preposições (por exemplo, "de que", "para que"). Contudo, em muitas situações, o uso de "que" sem preposição é preferível na linguagem formal."Que" é sempre equivalentes a quem ou onde?
Não. "Que" funciona como pronome relativo geral, enquanto "quem" refere-se especificamente a pessoas, e "onde" a lugares. Assim, em alguns contextos, é mais adequado usar "quem" ou "onde" para maior precisão.
Conclusão
Ao longo deste artigo, destaquei a complexidade e as nuances do uso de "que" e "ora" na língua portuguesa, especialmente na distinção entre conjunção integrante e pronome relativo.
Resumindo:
- O "que" como conjunção integrante serve para introduzir orações subordinadas substantivas, atuando como uma ponte de conexão de ideias e conceitos. Seu domínio é fundamental para a construção de frases complexas, coesas e claras.
- O "que" como pronome relativo retoma termos anteriores, estabelecendo relações de referência, descritivas ou especificativas. Seu uso adequado evita redundâncias e melhora a qualidade do texto.
A compreensão dessas funções não apenas melhora a escrita acadêmica e profissional, mas também aumenta a precisão na comunicação oral e escrita. Conhecer as diferenças contribui para uma análise mais crítica e eficiente dos textos, além de aprimorar a capacidade de interpretar mensagens com maior clareza.
Por fim, ressalto que o estudo contínuo da gramática é essencial para quem deseja dominar o português, uma língua rica e cheia de nuances como essa. A prática constante, aliada ao estudo teórico, é o caminho para aprimorar nossos conhecimentos e usar a linguagem com maior confiança e precisão.
Espero que este conteúdo tenha esclarecido suas dúvidas e fortalecido sua compreensão sobre o tema. Acredito que, com entendimento sólido, podemos aprimorar nossas habilidades linguísticas e nos tornar comunicadores cada vez melhores.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Qual a diferença entre "que" como conjunção integrante e como pronome relativo?
A principal diferença está na função que desempenham na frase. Como conjunção integrante, o "que" introduz uma oração subordinada que funciona como sujeito, objeto ou complemento na frase. Como pronome relativo, ele substitui ou retoma um termo anterior, conectando uma oração à referência que ela faz.
2. Como saber quando usar "que" ou "quem" na oração relativa?
Use "que" para retomar termos que podem ser objetos ou sujeitos, indicando coisas ou pessoas de maneira geral. Use "quem" especificamente para referir-se a pessoas, em funções de sujeito ou objeto.
3. "Ora" funciona como conjunção ou advérbio? Quando usar?
"Ora" funciona principalmente como advérbio de tempo ou de afirmação. Pode também ter funções de conjunção adversativa ou de passagem, dependendo do contexto. Seu uso é mais comum em expressões que indicam alternância ou mudança de tom na fala ou texto.
4. Pode-se substituir "que" por outros pronomes relativos?
Sim, dependendo do contexto, pode-se usar "quem", "onde", "cujo", entre outros. Cada pronome relativo tem sua especificidade, tendo em vista o termo que retoma e a relação que estabelece.
5. Há alguma preferência no uso de "que" na linguagem formal?
Na linguagem formal, deve-se evitar ambiguidades e usar o "que" de modo claro, preferindo a estrutura mais adequada na introdução de orações subordinadas ou relativas. O uso correto de "que" melhora a formalidade e a precisão do texto.
6. Quais recursos auxiliam no estudo do uso de "que" na língua portuguesa?
Leitura de textos bem escritos, exercícios de gramática, análise de esquemas sintáticos, além de aulas de linguística, ajudam a consolidar o entendimento. Também é útil consultar gramáticas confiáveis, como a Gramática Normativa da Língua Portuguesa e materiais didáticos de professores especializados.
Referências
- Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
- Domingos Paschoal Convêncio, Gramática Normativa da Língua Portuguesa.
- Celso Pedro Luft, Gramática da Língua Portuguesa.
- Normas da Língua Portuguesa - Academia Brasileira de Letras.
- Manuais de Gramática para Concursos e Estudos.
Espero que essas fontes possam aprofundar ainda mais seu entendimento e ampliar seus conhecimentos em português.