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Revolução Francesa e a Ascensão da Convenção Nacional

A Revolução Francesa, ocorrida no final do século XVIII, é um dos eventos mais marcantes na história mundial, marcando o fim de uma era de absolutismo e o início de uma nova configuração política baseada em ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Entre os vários momentos desse acontecimento monumental, a criação da Convensão Nacional se destaca como uma etapa fundamental na transformação do panorama político da França.

A Convensão Nacional foi uma instituição que nasceu em um momento de crise, quando a monarquia absolutista entrou em colapso e novas formas de governo precisaram emergir. Ao longo deste artigo, vamos analisar como ela se formou, suas ações e impactos na Revolução Francesa, bem como sua importância para o desenvolvimento das democracias modernas. Para compreender esse tema tão rico, é fundamental entender o contexto histórico, os eventos que levaram à sua criação e as consequências que ela produziu na história mundial.

Contexto Histórico da Revolução Francesa

As condições sociais, econômicas e políticas da França no século XVIII

Antes de falar especificamente da Convensão Nacional, é importante compreender o cenário geral que antecedeu sua formação. A França, no século XVIII, vivia uma crise estrutural, cuja combinação de fatores sociais, econômicos e políticos preparou o terreno para a revolução.

  • Estrutura social desigual: A sociedade francesa era dividida em três Estados:
  • Primeiro Estado: a Igreja, com privilégios e isenções fiscais.
  • Segundo Estado: a nobreza, também beneficiada com privilégios e isenções.
  • Terceiro Estado: composto pelo restante da população — camponeses, burgueses, artesãos e trabalhadores urbanos — que arcavam com a maior parte dos impostos e não tinham privilégios.

  • Crise econômica: Desigualdades fiscais, má colheita de 1788, aumento dos preços, crise agrícola e dívida crescente agravaram a situação econômica da França, gerando insatisfação popular.

  • Imposição de impostos: A maior parte da carga tributária recaía sobre o Terceiro Estado, criando um sentimento de injustiça e exclusão social.

  • Ideias iluministas: Pensadores como Voltaire, Rousseau e Montesquieu propugnavam mudanças no sistema político, promovendo conceitos de liberdade, direitos humanos e soberania popular, alimentando a insatisfação com o antigo regime.

  • Crise política: O rei Luís XVI mostrava-se incapaz de resolver a crise, enquanto as instituições antigas se mostravam obsoletas frente às novas demandas sociais.

O Estopim: Convocação dos Estados Gerais

Em 1789, frente à crise financeira, o rei Luís XVI convocou os Estados Gerais — assembleia que reunia representantes dos três Estados — para discutir a crise. Contudo, o sistema de votação, que privilegiava a nobreza e a Igreja, provocou tensões, especialmente entre o Terceiro Estado e os demais grupos. Esse impasse foi um catalisador para o rompimento com o antigo regime e a busca por uma nova forma de governo.

A Formação da Convenção Nacional

O Outono de 1789: criação da Assembleia Nacional

Na medida em que a crise se agravou, o Terceiro Estado se viu excluído do controle das decisões dos Estados Gerais. Em resposta, eles se proclamaram Assembleia Nacional em 17 de junho de 1789, com a intenção de elaborar uma nova constituição. Essa atitude foi interpretada como uma verdadeira ruptura com a monarquia absoluta e deu início ao processo revolucionário.

A Queda da Monarquia e o papel da Assembleia Nacional

  • Tomada da Bastilha: Em 14 de julho de 1789, o povo de Paris tomou a Bastilha, símbolo do poder absoluto, marcando o início da revolta popular.
  • Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: Em agosto de 1789, a Assembleia Nacional aprovou esse documento, que estabelecia princípios de igualdade, liberdade e direitos universais.

A transição para a Convenção Nacional

  • Fim da monarquia: Em 21 de setembro de 1792, o rei Luís XVI foi deposto, e a monarquia foi oficialmente abolida.
  • Proclamação da República: Logo após, o poder passou a ser exercido por uma nova instituição: a Convocação da Convenção Nacional, formada inicialmente por representantes eleitos por sufrágio universal masculino, com o objetivo de consolidar a nova estrutura política e lidar com os desafios do momento.

Como surgiu a Convenção Nacional?

Após a abolição da monarquia, foi necessário estabelecer um corpo político que representasse a vontade do povo e conduzisse as ações revolucionárias. Assim, a Convensão Nacional foi criada como uma assembleia de deputados eleitos, com poderes quase ilimitados, que tinha como missão principal decidir o destino da França.

Situação política na época:- A França vivia um momento de extrema radicalização, com ataques internos e externos à revolução.- Initiava-se um período de guerra contra Austria e Prússia, que ameaçavam restaurar a monarquia.- Internamente, enfrentava-se resistência de grupos conservadores e monárquicos.

Estrutura, Funcionamento e Principais Ações da Convenção Nacional

Organização interna e representação

A Convenção Nacional foi organizada como uma assembleia unicameral, composta por deputados eleitos por sufrágio universal masculino. Dentre suas principais características estavam:

  • Maioria girondina: deputados moderados, que defendiam uma república mais conservadora.
  • Montanheses: radicais, que defendiam medidas mais severas contra inimigos da revolução.
  • Comitês internos: responsável por organizar as discussões e propostas de leis.

As principais ações tomadas pela Convenção

  1. Abolição da monarquia e proclamação da República (1792):

  2. A decisão de acabar com a monarquia foi um passo radical, marcado pela execução de Luís XVI em janeiro de 1793.

  3. Julga e executa Luís XVI:

  4. O rei foi considerado traidor e condenado à morte por guilhotina, o que simbolizou a ruptura definitiva com o antigo regime.

  5. Radicalização e o período do Terror (1793-1794):

  6. Liderada pelos jacobinos, sob Maximilien Robespierre, a Convenção instaurou o Regime do Terror para eliminar inimigos internos, com execuções em massa.

  7. Reformas sociais e econômicas:

  8. Implementação de uma nova moeda, o franco, e reformas no sistema de tributações e propriedade.

  9. Constituição de 1793 e 1795:

  10. A primeira foi amplamente idealizada, mas nunca efetivamente aplicada.

  11. Em 1795, foi promulgada uma nova constituição, estabelecendo um diretório como governo, marcando o fim do governo radical.

Queda da Convenção

A Convenção Nacional enfrentou intensas disputas internas, desgaste político e conflitos com grupos contrários à revolução. Sua queda ocorreu em 1795, dando lugar ao Diretório, que conduziria a França rumo a uma nova fase da Revolução.

Impactos e Legado da Convenção Nacional

A consolidação da República

A Convenção Nacional foi responsável por transformar a França em uma república, eliminando a monarquia absoluta, adotando um sistema baseado na soberania popular. Essa mudança foi fundamental para o desenvolvimento de conceitos políticos contemporâneos e sistemas democráticos.

Ampliação dos direitos humanos e civis

Por meio de documentos como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Convenção promoveu ideias universais de liberdade e igualdade, servindo de inspiração para outras revoluções ao redor do mundo.

Radicalização e extremismo

No entanto, o excesso de radicalismo durante o Terror deixou lições importantes sobre os perigos do extremismo político, tendo consequências duradouras na história da França e do mundo.

Influência na história mundial

As ideias e ações da Convenção Nacional tiveram repercussões globais, influenciando movimentos próximos e o desenvolvimento de conceitos democráticos, além de consolidar a Revolução Francesa como marco da modernidade.

Conclusão

A Revolução Francesa foi um momento de profundas mudanças sociais, econômicas e políticas, cujo ápice se revelou na criação da Convenção Nacional. Essa instituição foi o órgão que conduziu a transição da monarquia para a república, promoveu a radicalização do processo revolucionário e deixou legados duradouros às democracias modernas. Através de suas ações, a Convenção ajudou a consolidar princípios fundamentais de liberdade, igualdade e direitos civis que permeiam a sociedade contemporânea. Sua história nos ensina sobre a complexidade dos processos de mudança social e os desafios de equilibrar radicalismo e estabilidade em busca de um governo mais justo.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O que foi a Convenção Nacional e qual sua importância na Revolução Francesa?

A Convenção Nacional foi uma assembleia que surgiu em 1792, após a abolição da monarquia, com a missão de governar a França e consolidar os avanços revolucionários. Sua importância reside em ter criado a república, executado Luís XVI, promovido o radicalismo do Terror e implementar ideias de direitos humanos, afetando profundamente a história política mundial.

2. Como foi escolhida a composição da Convenção Nacional?

Os deputados da Convenção foram eleitos por sufrágio universal masculino, sobretudo durante o período mais radical da revolução. A maioria era composta por representantes liberais, com grupos como os girondinos e jacobinos, refletindo as diferentes tendências políticas do momento.

3. Quais foram as principais ações da Convenção Nacional?

As ações mais relevantes incluem:- A proclamação da República em 1792;- A execução de Luís XVI em 1793;- O início do período do Terror, liderado pelos jacobinos;- A elaboração de uma nova Constituição e reformas sociais.

4. Quais foram as consequências do período do Terror?

O período do Terror resultou em milhares de execuções e na repressão de opositores, levando ao desgaste do radicalismo. Após a queda de Robespierre, a revolução entrou numa fase mais moderada, que culminou na substituição da Convenção pelo Diretório.

5. Quais influências a Revolução Francesa e a Convenção tiveram no mundo?

Elas promoveram a disseminação de ideias de liberdade, igualdade e direitos civis, que influenciaram outras revoluções e movimentos democráticos ao redor do mundo, além de estabelecerem as bases do conceito de cidadania moderna.

6. Como a Revolução Francesa e a Convenção Nacional ainda influenciam o presente?

As ideias promovidas por esses eventos moldaram os sistemas políticos atuais, fortalecendo conceitos de soberania popular, direitos humanos e democracia. Sua história serve como referência para debates sobre liberdade, justiça social e participação cidadã até hoje.

Referências

  • FONTAINE, Lucien. A Revolução Francesa. São Paulo: Editora Ática, 2000.
  • PALEDO, José. História da Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
  • McPhee, Peter. A Revolução Francesa. São Paulo: Contexto, 2004.
  • Soboul, Albert. A Revolução Francesa. São Paulo: Difel, 1987.
  • Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Disponível em: http://www.concordance.org.br/declaraçao-dos-direitos-do-homem-e-do-cidadão.
  • Enciclopédia Britannica. Revolução Francesa. Disponível em: https://www.britannica.com/event/French-Revolution

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