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Sanando Dúvidas Linguísticas Com Dicas Simples e Eficazes

A língua portuguesa, com toda a sua riqueza e diversidade, muitas vezes apresenta dúvidas que podem gerar confusão até mesmo entre estudantes e profissionais atuantes na área de letras, comunicação ou educação. Essas dúvidas, se não esclarecidas, podem comprometer a clareza e a correção na elaboração de textos, falas ou até na compreensão de conteúdos. Pensando nisso, o objetivo deste artigo é sanar algumas dúvidas linguísticas frequentes, oferecendo dicas simples e eficazes para aprimorar seu uso da língua portuguesa. Ao longo deste texto, abordarei questões relacionadas à ortografia, gramática, uso de palavras, além de fornecer orientações práticas para evitar erros comuns. Meu propósito é tornar o estudo das normas da língua mais acessível e descomplicado, promovendo uma comunicação mais clara e segura para todos.

Ortografia: Como garantir a escrita correta

As mudanças nas regras ortográficas

Nos últimos anos, o português passou por importantes alterações na sua ortografia, com a implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entrou em vigor para promover unificação das grafias nos países lusófonos. Essa mudança trouxe diversas dúvidas quanto ao uso de certas palavras e às novas regras.

Dicas para não errar na ortografia

  1. Fique atento às novas regras do Acordo Ortográfico, principalmente quanto ao uso do trema, hífen, acentuação e ortografia das palavras de origem estrangeira.
  2. Utilize dicionários atualizados e confiáveis, como o Dicionário Aurélio, para esclarecer dúvidas de ortografia.
  3. Explore plataformas online de verificação ortográfica, que ajudam a identificar erros em textos escritos.
  4. Estude regularmente as principais mudanças normativas, a fim de consolidar o conhecimento.

Tabela com algumas palavras que sofreram mudanças

Palavra antigaNova grafiaObservações
atoatoSem mudanças
extraordinárioextraordinárioSem mudanças
linguiçalinguiçaSem mudanças
hífenhífenMantém-se a grafia após regras atualizadas
germânicogermânicoSem mudanças
jiboiajibóiaCom acento na vogal "o" após mudança
linguiçalinguiçaSem mudanças
reboquereboqueSem mudanças

Gramática: esclarecendo dúvidas frequentes

Uso do 'por que', 'por quê', 'porque' e 'por que?'

Um dos pontos mais comuns de dúvida na gramática é a diferenciação entre as expressões que envolvem a palavra por que e suas variações.

SituaçãoForma corretaExemploObservação
Pergunta diretapor quePor que você não veio à aula?Sempre separado e com acento quando é questão direta
Pergunta indiretapor queGostaria de saber por que você não veioSem acento na pergunta indireta
Explicação ou motivoporqueNão fui à escola porque estava doenteEscrito junto, em respostas ou justificativas
Ênfasepor quêVocê não veio à aula? Por quê?Quando finaliza a pergunta, com entonação de dúvida

Uso de e a

Muita gente confunde as formas e a, embora tenham funções distintas.

  • indica tempo decorrido ou existência de algo:
    duas semanas, estudei bastante.
    três pessoas na sala.

  • A indica espaço ou tempo futuro, dependendo do contexto:
    Chegaremos a amanhã.
    Vou falar com você a partir das 14h.

Dicas para não errar

  1. Lembre-se de que sempre indica tempo passado ou existência.
  2. A é utilizado para indicar movimento, destino ou tempo futuro.
  3. Para verificar, substitua na frase por palavras semelhantes:
  4. → faz tempo atrás
  5. a → próximo ou futuro

Uso do gerúndio: evitar a famosa "lei doente"

O uso do gerúndio em português deve ser feito com atenção para evitar a chamada lei doente do português, ou seja, o uso exagerado e incorreto do gerúndio.

Regras básicas:

  • Use o gerúndio para indicar ação em andamento:
    Estou estudando para a prova.

  • Evite construções como "vou estar fazendo" ou "venho estar pensando", preferindo formas simples e corretas:
    Vou fazer ou Estava pensando.

Erros comuns na concordância verbal

Outro ponto que causa dúvidas é na identificação do sujeito da oração para aplicar a concordância verbal adequada. Algumas dicas:

  • Quando o sujeito é coletivo, o verbo deve concordar no singular:
    A equipe está preparada.
    A multidão foi embora cedo.

  • Quando o sujeito é composto por mais de uma pessoa ou coisa, a concordância pode variar entre plural e singular, dependendo da intenção:
    Pedro e João chegaram cedo. (plural)
    Pedro ou João virá. (singular, com ou)

Uso de crases

A crase é uma das regras mais temidas por muitos estudantes. Ela ocorre quando há a fusão de a + a(s), geralmente diante de palavras femininas.

Dicas para usar a crase corretamente:

  1. Substitua a expressão por a, se fizer sentido, use a crase:
  2. Vou à escola. (Eu vou a + a escola)
  3. Dirigi-me à diretoria.

  4. Não use crase antes de palavras masculinas ou verbos.

  5. Confira o uso na frase com uma substituição:

  6. Ele se referiu às regras. (Ele se referiu às regras do português.)
  7. Não há crase em: Ele se referiu a regras.

Dicas de uso de palavras de confusão comum

Tempero comum ou comum?

  • Comum: algo que ocorre frequentemente ou é comum na sociedade.
    É comum chover nesta época do ano.

  • Tempero: ingredientes usados na culinária.
    Adicionei tempero na receita.

Acento em palavras paroxítonas e oxítonas

  • Paroxítonas: acento em penúltima sílaba (exemplo: lâmpada, bíblia).
  • Oxítonas: acento na última sílaba (exemplo: café, jacaré).

Dicas para lembrança:
- As palavras oxítonas terminadas em a, e, o, em, ens geralmente recebem acento.
- As paroxítonas que não terminam nesses sozinhos não levam acento.

Uso correto de palavras com grafia semelhante: mas e mais

  • Mas: conjunção adversativa, indica contraste.
    Gostei do filme, mas achei longo.

  • Mais: advérbio de intensidade ou quantidade.
    Quero mais comida.

Conclusão

Ao longo deste artigo, buscamos esclarecer algumas das dúvidas mais frequentes na língua portuguesa, abordando aspectos de ortografia, gramática, uso de palavras e dicas práticas para evitar erros comuns. Como estudante, professor ou comunicador, compreender e aplicar corretamente essas regras é fundamental para uma comunicação clara, eficiente e correta. É importante lembrar que a língua é viva e está em constante evolução, então manter-se atualizado e praticar regularmente são atitudes essenciais para aprimorar nosso uso do português. Ao esclarecer essas questões, espero contribuir para que sua leitura, escrita e fala fiquem cada vez mais precisas e confiantes.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Qual a diferença entre por que, pelo que e por quê?

Por que é usado em perguntas diretas, sempre separado e com acento (exemplo: Por que você não veio?). Pelo que é uma expressão que significa "por qual motivo" ou "por qual razão". Por quê, com acento no final, é utilizado em perguntas finais ou quando a expressão aparece isolada em frases (exemplo: Você não veio. Por quê?).

2. Como saber quando usar o hífen nas palavras compostas?

O hífen é utilizado em palavras compostas quando há a junção de dois radicais de palavras diferentes e o primeiro termo termina em vogal e o segundo começa com a mesma vogal, ou quando há prefixos que exigem o uso do hífen. Algumas regras principais são:
- Uso do hífen com prefixos como extra-, auto-, há-, vice-, etc. (exemplo: autoescola, extraordinário).
- Não se usa hífen quando o segundo elemento começa com vogal diferente do último do primeiro termo (exemplo: planalto).

3. Quais são os principais erros na utilização do gerúndio?

O erro mais comum é o uso excessivo ou incorreto de formas como estava fazendo, vou estar fazendo, etc., que muitas vezes geram construções desnecessariamente complexas ou erradas. A recomendação é usar o gerúndio apenas para indicar ações em andamento compatíveis com a conjugação e evitar formas redundantes.

4. Como diferenciar senão de se não?

Senão é uma palavra única que significa caso contrário ou a não ser que. Já se não é expressão composta por se e não, formando uma locução condicional. Exemplo:
- Estude, senão você vai reprovar.
- Se não estudar, não passará.

5. O uso do indica tempo decorrido ou existência. Como distinguir?

Quando indica tempo decorrido, geralmente pode ser substituído por faz (exemplo: Há duas horas = Faz duas horas). Quando indica existência, geralmente acompanha substantivos ou pronomes.
Exemplo: Há muitos livros na estante (existência).

6. Como evitar erros na concordância verbal com sujeitos compostos?

Para sujeitos compostos por e, a concordância deve geralmente ser no plural:
- Ana e Maria estão presentes.
Se for uma ideia de escolha ou alternativa, pode usar no singular, dependendo do sentido:
- Pedro ou João virá.

Lembre-se de sempre identificar o sujeito corretamente antes de aplicar a concordância.

Referências

  • BRASIL. Conselho Editores. A Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Brasília: Ministério da Educação, 2009.
  • CELANI, Maria Helena. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Atual, 2010.
  • DINIZ, Maria Helena. Português na Escola. São Paulo: Ática, 2007.
  • REAL E Real Academia de Portugal. Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho, 2015.
  • Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, edição atualizada.
  • Ministério da Educação. Normas Ortográficas da Língua Portuguesa. Disponível em: [site oficial do MEC].

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