Menu

Sifilis: Causas, Sintomas e Prevenção da Doença Sexualmente Transmissível

A saúde sexual e reprodutiva é uma preocupação constante na vida de todos, especialmente na adolescência e juventude, fases em que a exploração da sexualidade ocorre naturalmente. Entre as diversas infecções sexuamente transmissíveis (ISTs), a sífilis tem chamado atenção devido ao seu aumento em várias regiões do mundo e seus potenciais impactos a longo prazo. Apesar de ser uma doença antiga, a sífilis ainda representa um desafio importante à saúde pública, podendo afetar pessoas de todas as idades, gêneros e condições sociais.

Neste artigo, abordarei de forma abrangente as causas, os sintomas e as formas de prevenção da sífilis, tentando promover uma compreensão clara e acessível sobre essa enfermidade, para que possamos exercer uma postura consciente e responsável em relação à nossa saúde sexual. A compreensão adequada das informações relacionadas à sífilis é fundamental para ajudar na sua prevenção e no combate ao seu avanço, contribuindo para uma sociedade mais informada e saudável.

Causas da Sífilis

A sífilis é causada por uma bactéria denominada Treponema pallidum. Trata-se de uma espiral rígida, altamente invasiva, que consegue penetrar no corpo humano através do contato com mucosas ou pele lesionada durante o ato sexual.

Como a bactéria é transmitida?

A transmissão ocorre principalmente por meio do contato direto com uma lesão sifilítica, conhecida como cancro, que aparece nas regiões genitais, boca ou ânus. É importante destacar que:

  • Contato sexual direto é a principal via de transmissão, incluindo relações vaginais, orais e anais.
  • A transmissão pode ocorrer mesmo na ausência de sintomas visíveis, uma vez que a bactéria pode estar presente na lesão sem evidência aparente.
  • Transmissão vertical: a bactéria também pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gestação, causando sífilis congênita, que é especialmente grave.

Fatores que aumentam o risco de transmissão

Alguns fatores facilitam a transmissão da sífilis, tais como:

  • Relações sexuais sem uso de preservativos
  • Múltiplos parceiros sexuais
  • Presença de outras ISTs, que podem facilitar a entrada da bactéria
  • Falta de acesso a exames de saúde e conscientização sobre a doença

Como a bactéria atua no organismo?

Após o contato, o Treponema pallidum invade o organismo por meio das mucosas ou feridas na pele, aderindo às células e se multiplicando rapidamente. A bactéria consegue atravessar a barreira placentária na gravidez, podendo causar malformações no bebê ou até aborto espontâneo.

Sintomas da Sífilis

A sífilis apresenta uma evolução clínica dividida em fases, cada uma com características distintas. Saber identificar esses sinais é fundamental para procurar diagnóstico e tratamento precoces.

Fase I: Sifilis Primária

A fase inicial costuma ocorrer entre 10 a 90 dias após a exposição, sendo mais comum entre 3 a 4 semanas. Os principais sintomas são:

  • Aparecimento de uma úlcera indolor, chamada cancro sifilítico, na região de contato, que pode ser no pênis, vagina, ânus, boca ou lábios
  • Essa lesão tende a ser única, de bordas bem delimitadas e sem dor
  • Pode ocorrer inchaço regional dos gânglios linfáticos próximos à lesão

"O cancro sifilítico é, muitas vezes, a primeira manifestação visível, mas pode passar despercebido por sua ausência de dor ou desconforto."

Fase II: Sifilis Secundária

Se não tratada, a doença evolui para a fase secundária, que ocorre geralmente entre semanas a meses após a fase primária. Seus sintomas incluem:

  • Manifestações cutâneas, como manchas avermelhadas ou pardas que podem aparecer em várias partes do corpo
  • Lesões mucosas, como feridas na boca, garganta ou região anal
  • Febre, fadiga, dores musculares e articulares
  • Inchaço dos gânglios linfáticos
  • Alopecia (queda de cabelo em manchas)

Fase Latente

Após a fase secundária, a doença pode entrar em um período latente, onde não há sintomas visíveis, mas a bactéria permanece no organismo. Essa fase pode durar anos e, sem tratamento, evoluir para fases mais graves.

Fase Terciária: Complicações graves

Após anos ou décadas, a sífilis pode afetar diversos órgãos, causando:

  • Gomas (lesões granulomatosas que podem destruir tecidos ósseos e cutâneos)
  • Problemas neurológicos, como tabes dorsal, neurosífilis
  • Afetação cardiovascular, levando a problemas de aorta
  • Dificuldades psiquiátricas e neurológicas severas

Sífilis Congênita

Quando a mãe infectada transmite a bactéria ao bebê durante a gestação, o recém-nascido pode apresentar:

  • Malformações ósseas e de órgãos internos
  • Problemas na pele, nariz e olhos
  • Aborto ou morte neonatal
  • Além disso, o bebê pode parecer saudável ao nascer, mas desenvolver complicações posteriormente

Diagnóstico e Tratamento

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico da sífilis é feito por meio de exames laboratoriais que detectam a presença da bactéria ou de anticorpos contra ela. Existem dois tipos principais:

Tipo de exameDescriçãoQuando usar
Exame clínicoAvaliação das lesões e sintomasPrimeira avaliação clínica
SorologiaTestes que detectam anticorpos: VDRL, RPR, TPHA, FTA-ABSConfirmar e monitorar a doença

Exames de sangue são essenciais para confirmar a infecção e monitorar a resposta ao tratamento. Caso haja suspeita de sífilis congênita, exames específicos também são realizados no bebê.

Como é feito o tratamento?

A sífilis é completamente tratável com antibióticos, principalmente a penicilina, que deve ser aplicada na quantidade e no tempo indicados pelo médico.

  • Tratamento na fase primária ou secundária: geralmente uma aplicação de penicilina benzatina intramuscular
  • Fase latente ou terciária: pode requerer várias doses e acompanhamento rigoroso
  • Na gestação: o tratamento deve ser administrado o quanto antes para evitar a transmissão ao bebê

"O sucesso do tratamento depende da fase da doença e da adesão ao esquema prescrito pelo profissional de saúde."

Além do tratamento medicamentoso, é fundamental que o parceiro(a) também seja avaliado e tratado, para evitar reinfecção.

Importância do acompanhamento

Após o tratamento, exames de sangue periódicos são necessários para verificar a cura da infecção. Caso não haja resposta ao tratamento, novas avaliações são feitas para ajustar a conduta médica.

Prevenção da Sífilis

Prevenir é sempre melhor do que tratar. Algumas medidas essenciais incluem:

Uso de preservativos

  • Utilizar preservativos de látex ou poliuretano durante todas as formas de relação sexual, incluindo orais e anais, é a principal medida de proteção contra a sífilis e outras ISTs.

Realização de exames periódicos

  • Homens e mulheres sexualmente ativos devem fazer exames de rotina para detectar precocemente qualquer infecção.

Comunicação aberta com o parceiro

  • Manter diálogo honesto sobre saúde sexual ajuda na prevenção de reinfecções e na realização de exames conjuntos.

Educação sexual

  • Conhecimento sobre as formas de transmissão, sintomas e riscos da sífilis é fundamental para ações preventivas.

Cuidados na gestação

  • Gestantes devem realizar exames de sangue durante o pré-natal para detectar a infecção e iniciar o tratamento imediato, evitando a sífilis congênita.

Evitar compartilhamento de objetos pessoais

  • Como roupas, toalhas ou objetos que possam estar contaminados, principalmente em ambientes de risco.

Vacinas

  • Não existe vacina para a sífilis, por isso a prevenção depende do uso de práticas seguras e do acompanhamento médico regular.

Conclusão

A sífilis é uma infeção bacteriana que, embora seja antiga, ainda representa uma preocupação de saúde pública mundial devido ao seu potencial de complicações graves e à facilidade de transmissão. Conhecer suas causas, sintomas e formas de prevenção é fundamental para manter uma vida sexual saudável e responsável. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, aliados ao uso de medidas de proteção como preservativos, são estratégias eficazes para controlar essa doença.

A educação e conscientização são essenciais para combater o aumento dos casos de sífilis e garantir que cada indivíduo possa exercer sua sexualidade de maneira segura e informada. Através do cuidados preventivos e do acompanhamento médico, podemos reduzir o impacto da sífilis na sociedade e promover uma cultura de saúde sexual mais consciente.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. A sífilis pode ser transmitida por contato não sexual?

Resposta: A principal forma de transmissão da sífilis é por contato sexual direto com uma lesão sifilítica, mas ela também pode ser transmitida de mãe para o bebê durante a gestação (transmissão vertical). Não há evidências de transmissão por contato casual, como toque na pele saudável ou compartilhamento de objetos do dia a dia.

2. Como saber se estou infectado com sífilis?

Resposta: Os sintomas variam de acordo com a fase da doença, podendo incluir úlceras, manchas na pele, febre ou dificuldades neurológicas. No entanto, muitas pessoas não apresentam sintomas visíveis. A única forma segura de diagnóstico é por meio de exames laboratoriais de sangue ou de amostras das lesões. Portanto, é importante realizar exames periódicos se houver risco.

3. A sífilis sempre apresenta sintomas visíveis?

Resposta: Não, especialmente nas fases latente e terciária, muitos indivíduos podem permanecer assintomáticos. Por isso, exames de rotina são essenciais para detecção precoce.

4. O tratamento para sífilis é eficaz?

Resposta: Sim, a sífilis é totalmente tratável com antibióticos, principalmente a penicilina. Quando diagnosticada e tratada adequadamente na fase inicial, as chances de cura são altas. Entretanto, o tratamento deve ser realizado sob supervisão médica e com acompanhamento, para garantir a cura completa.

5. Como evitar a sífilis durante a gravidez?

Resposta: Realizando exames de sangue no pré-natal, adotando práticas sexuais seguras, usando preservativos e tratando imediatamente qualquer infecção detectada, garantindo assim a proteção do bebê contra a transmissão.

6. A vacinação pode prevenir a sífilis?

Resposta: Não, atualmente não existe vacina contra a sífilis. A prevenção depende do uso de preservativos, exames regulares e educação sexual responsável.

Referências

  • Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecção por Treponema pallidum. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
  • World Health Organization. Sexually transmitted infections (STIs). WHO, 2023. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/sexually-transmitted-infections
  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Syphilis. CDC.gov, 2023. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/tpip/default.htm
  • Ministério da Saúde. Guia sexualidade, DST/AIDS e gravidez. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
  • Ministério da Educação. Cartilha de Educação Sexual. Brasília: MEC, 2018.

Lembrete: Sempre consulte um profissional de saúde para dúvidas ou exames relacionados à sua saúde sexual. Informação e prevenção são as melhores armas contra as ISTs.

Artigos Relacionados