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Sujeito Indeterminado: Intenção e Uso no Discurso na Língua Portuguesa

A língua portuguesa, como grande veículo de comunicação, apresenta diversas estruturas e formas de expressão que permitem transmitir ideias, emoções e intenções de maneira precisa e eficiente. Entre esses recursos, o uso do sujeito na oração desempenha papel fundamental na compreensão e na construção do sentido do discurso. Um aspecto especialmente interessante é o sujeito indeterminado, cuja utilização revela intenções específicas do falante ou do escritor ao se comunicar.

A compreensão do sujeito indeterminado, suas funções, usos e implicações no discurso, é essencial para aprimorar nossa compreensão e produção de textos em português. Ao longo deste artigo, explorarei de forma aprofundada o conceito de sujeito indeterminado, suas formas de utilização, suas intenções no contexto discursivo, além de exemplos práticos que auxiliarão no entendimento dessa importante categoria gramatical.

Vamos embarcar nesta jornada pelo universo do sujeito indeterminado, buscando compreender como ele funciona na prática e qual o significado de sua presença na nossa comunicação diária e acadêmica.

O que é o Sujeito Indeterminado?

Definição e Características Gerais

O sujeito indeterminado é aquele cuja identidade não é específica ou não é explicitamente indicada na oração. Em outras palavras, quando não se quer ou não se pode identificar quem realiza a ação, utiliza-se o sujeito indeterminado. Essa construção é bastante presente no português, especialmente quando o foco não está na pessoa que realiza a ação ou quando se deseja generalizar uma situação.

Principais características do sujeito indeterminado:

  • Não há menção explícita sobre quem realiza a ação;
  • Pode indicar uma ação geral ou comum a todos;
  • Geralmente, seu uso confere um tom de generalização ou impessoalidade ao discurso;
  • Pode ser formado por formas específicas do verbo, sem a presença de um sujeito explícito.

Como identificar o sujeito indeterminado?

A identificação do sujeito indeterminado demanda atenção às formas verbais e às construções que ele apresenta. Normalmente, verificamos:

  • Uso do verbo na terceira pessoa do plural sem sujeito explícito (ex.: Dizem que a aula será cancelada);
  • Uso do verbo na terceira pessoa do singular com a partícula "se" (ex.: Precisa-se de voluntários);
  • Uso de formas verbais em que o sujeito não é definido, só indicado pelo contexto ou pela construção.

Forma de Expressar o Sujeito Indeterminado

1. Uso do Verbo na Terceira Pessoa do Plural sem Sujeito Explícito

Uma forma clássica de indicar o sujeito indeterminado é através do verbo na terceira pessoa do plural, sem que haja um sujeito definido na oração, frequentemente acompanhada de verbos como "dizer," "achar" ou "pensar" numa construção impessoal.

Exemplo:

Falam muitas coisas a respeito do assunto.

Aqui, "Falam" indica uma ação geral, sem especificar quem fala.

2. Uso do Verbo na Terceira Pessoa do Singular com Partícula "se"

Essa construção é uma das mais comuns na formação do sujeito indeterminado em português. Nesse caso, o "se" funciona como elemento de indeterminação, e o verbo concorda na terceira pessoa do singular.

Exemplos:

  • Precisa-se de voluntários.
  • Vende-se carros usados.
  • Casar-se é uma decisão importante.

Observação: este tipo de oração é frequentemente utilizado em anúncios, convites ou frases que desejam generalizar uma ação.

3. Uso de Verbos na Forma Impessoal

Alguns verbos, por sua própria natureza, indicam ações impessoais e, por consequência, sujeitos indeterminados, como "haver", "ser", "estar" quando empregados de forma impessoal.

Exemplo:

Há muitas possibilidades a serem exploradas.

Neste caso, não há um sujeito específico, o verbo "haver" está na forma impessoal, indicando uma ação ou estado de forma genérica.

Tabela de Formas do Sujeito Indeterminado

Forma de ExpressãoExemplosObservações
Verbo na terceira pessoa do plural sem sujeito explícito"Falam muito sobre isso."Geralização, impessoalidade
Verbo com "se" na terceira pessoa do singular"Vende-se casa na região."Uso comum em anúncios
Verbo na forma impessoal (há, é, etc.)"Chove muito nesta época."Empregado para expressar fatos ou condições gerais

Intenção do Uso do Sujeito Indeterminado no Discurso

Geralização e Impessoalidade

Ao utilizar o sujeito indeterminado, o falante pretende generalizar uma ação ou estado, não identificando quem realiza a ação. Essa estratégia reforça a impessoalidade da expressão e muitas vezes busca conferir um tom mais objetivo ou neutro ao discurso.

Exemplo:

Dizem que o sucesso depende do esforço.

Aqui, a intenção é apresentar uma opinião que é atribuída de forma geral, sem apontar um agente específico.

Expressar Obrigações e Necessidades

O sujeito indeterminado também é amplamente utilizado para indicar obrigações, necessidades ou recomendações de maneira impessoal.

Exemplo:

Precisa-se de professores qualificados.

Expressa a necessidade de profissionais, sem indicar quem precisa deles especificamente.

Generalização na Comunicação Formal e Informal

No discurso formal, o sujeito indeterminado é extremamente útil para evitar a pessoalidade, mantendo a objetividade. Na comunicação informal, ele pode servir para expressar opiniões de maneira mais difusa ou coletiva, sem precisar identificar os indivíduos envolvidos.

Expressar Ações que Incluem Todos ou a Uma Generalidade

Quando desejamos indicar que uma ação é comum a todos ou a um grande grupo, o uso do sujeito indeterminado é pertinente.

Exemplo:

Fuma-se muito nesta cidade.

É uma forma de falar sobre um hábito geral, sem especificar quem fuma.

Formação do Sujeito Indeterminado na Prática

Uso do "Se" Como Elemento Indeterminatório

O "se" é uma partícula que funciona como elemento de indeterminação e é largamente utilizado na construção do sujeito indeterminado. Sua colocação e concordância verbal são essenciais para a correta construção da frase.

Regras para uso do "se":

  • O verbo concorda na terceira pessoa do singular;

  • O sujeito fica oculto ou implícito;

  • Geralmente empregado em frases de aviso, anúncios ou expressões de opiniões gerais.

Exemplos:

  • Precisa-se de carteiro.
  • Vende-se pão na loja.
  • Fala-se muito sobre mudanças climáticas.

Uso do Verbo na Terceira Pessoa do Plural sem "Se"

Quando o verbo está na terceira pessoa do plural sem o "se", normalmente indica uma ação impessoal ou uma generalização.

Exemplos:

  • Falam muitas línguas na escola.
  • Acreditam que a fé move montanhas.

Casos Especiais: Verbos Bidireccionais e de Estado

Alguns verbos, principalmente os que indicam estado ou fenômenos da natureza, indicam sujeito indeterminado por si só, sem necessidade de estruturas específicas:

Exemplos:

  • Chove muito neste mês.
  • Nevou ontem à noite.
  • Faz calor hoje.

Diferenças entre Sujeito Indeterminado, Omissão e Geral

CategoriaCaracterísticasExemplosObservações
Sujeito OmitidoSujeito explícito, mas não mencionado na fraseEu vim falar com você. (quem veio?)O sujeito é subentendido pelo contexto
Sujeito GeralGeral, consegue-se identificar um padrão ou fato comumOs brasileiros gostam de futebol.Indica uma generalização, sujeito definido, mas aplicável a muitos
Sujeito IndeterminadoSem identificação do agente, impessoalFaz-se necessário agir com cautela.Expressa ação de forma impessoal, sem informar quem realiza

Exemplos de Uso do Sujeito Indeterminado na Língua Portuguesa

Para ilustrar melhor, reuni alguns exemplos que demonstram o uso do sujeito indeterminado em diferentes contextos:

  1. Levantar-se cedo é importante para a saúde.
  2. Precisa-se de profissionais experientes para o cargo.
  3. Fala-se muito nesta cidade sobre a modernização urbana.
  4. Faz-se necessário revisar as normas do projeto.
  5. Vive-se bem nesta região.
  6. Pede-se silêncio durante a apresentação.
  7. Recomenda-se cautela ao lidar com produtos químicos.
  8. Dizem que o Brasil vai crescer economicamente.

Cada exemplo reforça diferentes intenções do uso do sujeito indeterminado, seja para generalizar, impessoalizar ou indicar necessidades.

Conclusão

O sujeito indeterminado é uma ferramenta gramatical essencial na língua portuguesa, permitindo expressar ações, opiniões ou condições de forma impessoal e generalizada. Seu uso revela as intenções do falante ou escritor de compartilhar ideias sem a necessidade de identificar quem realiza a ação, conferindo ao discurso uma característica de universalidade ou objetividade.

Ao compreender as formas de construção, como o uso do "se" ou do verbo na terceira pessoa do plural, e ao reconhecer as intenções diversas por trás de seu emprego, podemos aprimorar nossa compreensão e nossa produção textual. O sujeito indeterminado, portanto, é uma peça-chave para uma comunicação clara, eficiente e adequada às variadas situações do cotidiano e do discurso acadêmico.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quando devo usar o sujeito indeterminado na minha escrita?

Deve-se usar o sujeito indeterminado quando a intenção é generalizar uma ação, expressar impessoalidade, ou indicar uma necessidade ou obrigação sem especificar quem realiza a ação. É comum em textos formais, anúncios, lawas de regras e opiniões gerais.

2. Qual a diferença entre sujeito omitido e sujeito indeterminado?

O sujeito omitido é aquele que está implícito na oração, geralmente pelo contexto ou na conjugação verbal, mas sua identidade é conhecida pelo interlocutor. Já o sujeito indeterminado não é conhecido ou não se deseja revelar, sendo apresentado de forma impessoal, muitas vezes usando o "se" ou o verbo na terceira pessoa do plural.

3. Como identificar o sujeito indeterminado em uma frase?

Observe a forma do verbo e a presença de partículas como "se". Verbo na terceira pessoa do singular com "se" ou na terceira pessoa do plural sem sujeito explícito são sinais de sujeito indeterminado. Além disso, frases que apresentam uma ação geral ou impessoal também indicam essa estrutura.

4. O uso do "se" sempre indica sujeito indeterminado?

Nem sempre. O "se" pode também marcar reflexividade ou indicar uma ênfase na ação, dependendo do contexto. Quando o "se" é utilizado para indicar uma ação impessoal, geralmente há associação com sujeito indeterminado.

5. É possível usar o sujeito indeterminado em frases negativas?

Sim, mas com atenção à conjugação verbal. O sujeito indeterminado, especialmente com o "se", costuma usar o verbo na terceira pessoa do singular mesmo em frases negativas e interrogativas. Exemplo: Não se fala mais sobre o assunto. ou Não se vende mais na loja.

6. Quais são os principais verbos utilizados na construção do sujeito indeterminado?

Verbos que indicam ações impessoais ou que permitem a construção com "se", como "falar", "precisar", "vender", "fazer", "haver", e "ser", entre outros. Muitos desses verbos podem ser usados em estruturas com ou sem o "se" para formar o sujeito indeterminado.

Referências

  • BRASIL. Ministério da Educação. Gramática da Língua Portuguesa. Brasília: MEC, 2020.
  • AZEVEDO, Luiz Orlando. Gramática Moderna da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola Editorial, 2019.
  • DINIZ, Eugênio. Gramática Aplicada. São Paulo: Scipione, 2018.
  • SOUZA, Frederico. Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Revistas GPT, 2020.
  • CUNHA, Celso et al. Nova Gramática do Português Contemporâneo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.

Este artigo é uma síntese do funcionamento e avaliação do sujeito indeterminado na língua portuguesa, essencial para aprimorar sua compreensão e uso adequado na produção textual.

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