A língua portuguesa é repleta de nuances e estruturas que tornam sua comunicação mais rica e precisa. Entre esses aspectos, a voz passiva é uma ferramenta fundamental que muitos estudantes encontram dificuldade em compreender e aplicar corretamente. Você já se questionou como transformar uma frase ativa em uma frase passiva ou qual a sua real importância na escrita e na fala? Conhecer e dominar a voz passiva é essencial para aprimorar a clareza, o estilo e a variedade das construções linguísticas que utilizamos no cotidiano escolar e acadêmico.
Neste artigo, farei uma abordagem completa sobre o tema, explicando seus conceitos de forma clara e com exemplos práticos. Vamos explorar desde o que é a voz passiva, suas diferenças em relação à voz ativa, até dicas para usá-la de maneira correta, além de responder às dúvidas mais frequentes. Espero que, ao final, você se sinta mais seguro(a) para identificar, transformar e empregar a voz passiva com autonomia e precisão.
O que é a Voz Passiva?
Definição e conceito
A voz passiva é uma construção gramatical que enfatiza o objeto da oração, colocando-o no lugar do sujeito, enquanto o agente (quem realiza a ação) é mencionado ou omitido. Em palavras simples, na frase na voz passiva, o foco está na ação recebida pelo sujeito, ao contrário da voz ativa, que destaca quem realiza a ação.
Por exemplo:- Voz ativa: O professor corrigiu a prova.- Voz passiva: A prova foi corrigida pelo professor.
Na frase na voz passiva, o objeto da ação ("a prova") torna-se o sujeito da frase, enquanto o agente ("o professor") aparece após a preposição "por".
Diferença entre Voz Ativa e Voz Passiva
Aspecto | Voz Ativa | Voz Passiva |
---|---|---|
Ênfase | No sujeito que realiza a ação | No objeto que recebe a ação |
Estrutura básica | Sujeito + verbo + objeto | Objeto + verbo (no particípio) + agente (opcional) |
Exemplo | João escreveu a carta. | A carta foi escrita por João. |
Destaque importante: A transformação entre as vozes implica mudanças na estrutura do verbo, o que veremos a seguir.
Como formar a Voz Passiva
Estrutura básica
Para formar uma oração na voz passiva, geralmente seguimos alguns passos essenciais, que podem variar dependendo do tempo verbal e da modalidade do verbo.
Estrutura geral:- Sujeito paciente (que recebe a ação) + verbo (de acordo com tempo verbal e modo) + agente (opcional, indicado por "por", "de", entre outros).
Formas de construção
Voz passiva com o verbo 'ser' + particípio
Este é o modo mais comum e utilizado na linguagem formal e na escrita acadêmica.
Passo a passo:1. Identifique o objeto da frase ativa.2. Coloque esse objeto na posição de sujeito.3. Use o verbo "ser" no tempo adequado.4. Acrescente o particípio do verbo principal.5. Opcionalmente, indique o agente da ação usando "por" + o agente.
Exemplo:- Ativa: O diretor escreveu o relatório.- Passiva: O relatório foi escrito pelo diretor.
Note que "escrever" vira "escrito", que é o particípio do verbo.
Voz passiva com o verbo 'estar' + participio
Usada principalmente para indicar ações que estão em andamento ou estados de certo tempo.
Exemplo:- Ativa: Os professores entregaram as provas.- Passiva: As provas estão sendo entregues pelos professores.
Transformação de uma frase ativa em passiva
- Localize o objeto direto: a prova.
- Torne-o o sujeito da frase: A prova...
- Use o verbo "ser" no tempo adequado: foi (passado simples).
- Acrescente o particípio do verbo: corrigida (de corrigir).
- Indique o agente (opcional): pelo professor.
Frase ativada: O professor corrigiu a prova.
Frase passiva: A prova foi corrigida pelo professor.
Uso do agente na voz passiva
O agente é a entidade que executa a ação na oração passiva. Ele é introduzido por preposições como:- por (mais comum)- de (em construções específicas)- por parte de (formal)
Exemplo: O problema foi resolvido por ela.
Observação: Em certos casos, o agente pode ser omitido, especialmente quando não é relevante ou desconhecido.
Uso da Voz Passiva na Língua Portuguesa
Quando usar a voz passiva?
A voz passiva é bastante útil em diversas situações:- Para dar ênfase ao objeto da ação: quando o foco está no que foi feito, não quem fez.- Na redação acadêmica e formal: para criar uma linguagem impessoal e objetiva.- Quando o agente é desconhecido ou irrelevante: por exemplo, em notícias ou relatórios.- Para evitar o uso de pessoas específicas, mantendo a neutralidade.
Exemplo de uso em diferentes contextos:
- A decisão foi tomada ontem. (ênfase na decisão)
- O relatório foi elaborado pelos estudantes. (ênfase no documento)
- Foi resolvido o problema na reunião. (ênfase na ação e no resultado)
Vantagens do uso da voz passiva
- Flexibilidade na construção de frases, possibilitando variar o estilo do texto.
- Foco na ação ou no objeto em vez do sujeito.
- Ajuda a evitar repetição de sujeitos, principalmente em textos científicos ou técnicos.
Limitações do uso da voz passiva
- Pode deixar o texto mais comprido e menos direto.
- Em excesso, torna a leitura cansativa ou pouco natural.
- Pode gerar ambiguidades quando o agente não é claro ou omitido.
Dicas e cuidados ao usar a voz passiva
Quando preferir a voz ativa?
Embora a voz passiva seja útil, a voz ativa é geralmente mais direta e mais fácil de entender. Use-a quando o sujeito que realiza a ação for claro e relevante:
- O aluno fez a redação. (ativo, direto)
- O técnico consertou o computador. (ativo, objetivo)
Como evitar ambiguidades?
Se optar por usar a voz passiva, certifique-se de que o agente seja claramente indicado, especialmente em textos acadêmicos e jurídicos, onde a precisão é essencial.
Cuidados com tempos verbais
Preste atenção às concordâncias e ao tempo verbal na formação da voz passiva. Por exemplo:- No presente: A casa é construída pelos operários.- No passado: A casa foi construída pelos operários.- No futuro: A casa será construída pelos operários.
Exemplos práticos para fixação
- Transforme a frase ativa em passiva:
- Frase ativa: Os engenheiros projetaram o edifício.
Resposta: O edifício foi projetado pelos engenheiros.
Identifique o verbo e o tempo na frase passiva:
- Frase passiva: O relatório será analisado pelos supervisores.
- Verbo: ser + analisado
- Tempo: Futuro do presente
Erros comuns na formação da voz passiva
- Uso incorreto do particípio do verbo.
- Esquecer o auxiliar "ser" ou "estar" no tempo correto.
- Confusão na colocação do agente ou sua omissão indevida.
Dica: Sempre revise e verifique se o verbo e o agente estão adequados à estrutura da frase.
Conclusão
A voz passiva é uma ferramenta versátil que amplia nossas possibilidades de expressão em português, permitindo destacar objetos, ações ou resultados. Com um entendimento claro de sua formação, usos e limitações, podemos enriquecer nossos textos e comunicações, seja na escrita acadêmica, técnica ou mesmo na fala formal.
Lembre-se: o equilíbrio é fundamental. Use a voz passiva com moderação e sempre pensando na clareza e na ênfase da mensagem. Praticar a transformação de frases ativas em passivas e ler exemplos bem utilizados fortalecerá seu domínio sobre o assunto, fazendo com que você utilize essa estrutura de forma natural e eficaz.
Espero que este guia completo tenha ajudado a esclarecer suas dúvidas e inspirado seu interesse pela riqueza da língua portuguesa!
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Qual a diferença entre voz passiva sintética e analítica?
Resposta:
A voz passiva analítica é aquela que utiliza o verbo "ser" (ou "estar") + particípio, acompanhada do agente com a preposição "por". Por exemplo: O relatório foi escrito pelos estudantes.
Já a voz passiva sintética é aquela que emprega uma forma verbal específica, geralmente com o sufixo "-se", formando uma oração mais condensada. Por exemplo: Falar-se-á com o diretor.
A escolha entre elas depende do nível de formalidade e estilo do texto.
2. A voz passiva é obrigatória em textos acadêmicos?
Resposta:
Não, a voz passiva não é obrigatória, mas é bastante utilizada para conferir impessoalidade e objetividade ao texto. Em muitos casos, os autores preferem usar a voz ativa por sua maior clareza e concisão. No entanto, a escolha depende do estilo do autor e das normas específicas da disciplina ou do periódico.
3. Quando posso omitir o agente na voz passiva?
Resposta:
O agente pode ser omitido quando a ação é geral, conhecida ou irrelevante para o entendimento da frase. Por exemplo: Foi decidido seguir a estratégia. (sem indicar quem decidiu). Essa omissão denomina-se voz passiva (-se) e é comum na linguagem formal e jornalística.
4. Como identificar a voz passiva em uma frase?
Resposta:
Para identificar, observe se a frase apresenta o sujeito que recebe a ação e se há um verbo em forma de "ser" conjugado + particípio do verbo principal. Além disso, veja se há menção ao agente com "por" ou se o agente está omitido. Exemplos:
- As tarefas foram concluídas. (voz passiva)
- O bolo foi assado por ela. (voz passiva com agente)
5. Algumas frases na voz passiva podem parecer estranhas ou pouco naturais?
Resposta:
Sim, especialmente se usadas em excesso ou de forma inadequada. É importante equilibrar o uso da voz passiva com a ativa para manter a clareza e naturalidade do texto. Prefira a voz passiva quando quiser dar ênfase ao objeto ou à ação, e a ativa quando desejar maior objetividade.
6. Existe alguma diferença entre a voz passiva e a voz reflexiva?
Resposta:
Sim. A voz reflexiva reflete a ação de volta para o sujeito, usando pronomes reflexivos (me, te, se, nos, vos).
Exemplo de reflexiva: Ela se cortou.
A voz passiva, por outro lado, enfatiza o objeto que recebe a ação, muitas vezes com uma construção com "ser" + particípio.
Referências
- BAGNO, Marcos. Gramática passiva. São Paulo: Contexto, 2005.
- DINIZ, Evanildo. Gramática da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2016.
- FÁVERO, Beatriz. Gramática moderna da língua portuguesa. São Paulo: Ática, 2009.
- Instituto Cultural Brasileiro. Guia de Português Formal. Disponível em: www.institutocultural.com.br
Espero que este conteúdo seja útil na sua jornada de aprendizagem em Português!